A HISTÓRIA DE HÉRCULES
I - HÉRCULES E AS SERPENTES
E todos os heróis que os velhos
Gregos falam nas suas histórias e poemas, nenhum é mais amado do que Hércules.
Era filho dum deus e mais forte,
corajoso e gigantesco do que todos os seus irmãos.
Demonstrou a sua bravura logo como
criança, tendo apenas algumas luas de idade. Sua mãe deixara-o a dormir no seu
berço, que era a cavidade do escudo de seu pai.
Estando tudo calmo — e Hércules dormia profundamente — duas grandes serpentes entraram no quarto e dentro do
escudo, e começaram a enroscar-se no corpo da criança adormecida, alteando as
cabeças para o esmagar.
Nisto Hércules acordou... Não se
assustou. Alçando-se no escudo, empolgou as duas serpentes pelo pescoço, uma em
cada mão, e apertou com toda a sua força. As serpentes estorceram-se e caíram
mortas no sobrado.
Àquele ruído veio a mãe saber o que
era. Mas, quando ela corria em auxílio do filho, viu Hércules a brincar com as
duas grandes serpentes, como se fossem novos brinquedos seus. Apertara-as tanto
com as suas fortes mãozinhas, que as tinha matado.
Espantou isso tanto a mãe que nesse
mesmo dia foi ter com o oráculo, um velho cego que os Gregos julgavam adivinhar
o futuro, e perguntou-lhe o que significava uma criança, que ainda não tinha um
ano, ter tido forças para matar duas grandes serpentes.
O oráculo disse-lhe que Hércules
seria mais forte do que nenhum outro homem dos que tinham vivido e vivessem na
Terra, e que faria prodígios, e que por fim viveria com os deuses nas montanhas
gregas.
Enquanto ia crescendo, Hércules
adestrava-se em guiar de pé o seu carro, em combater com pesadas armas, em
lutar, e vibrar o arco e as setas, em cantar e brincar.
Assim foi a sua vida até aos
dezoito anos, cada vez mais forçoso e bravo, e ao mesmo tempo belo e bom,
sempre pronto para correr em auxílio dos menos fortes do que ele.
II - HÉRCULES E O LEÃO
Depressa começaram os grandes
trabalhos de Hércules. Foi à corte do Rei, para fazer uns trabalhos que o
monarca lhe destinara.
Distinguia-se Hércules, como
sabemos, pela sua grande força, por seus largos ombros, e pelos seus valentes
braços, ao paço que o Rei era fraco e quase sempre doente.
Quando Hércules compareceu diante do
Rei, este teve-lhe inveja. Eram maus os pensamentos do monarca o qual lhe
destinou logo as tarefas mais arrojadas e perigosas que se podem imaginar.
Eram doze trabalhos, cada um deles
mais difícil do que o último. Mas Hércules aceitou-os.
O primeiro consistia em matar um
grande leão e trazer a pele ao Rei.
A morada do leão era num profundo e
sombrio vale. Os habitantes da região andavam apavorados com a vizinhança de
tal fera que devastava tudo à roda, matando os gados e algumas criancinhas.
A sua pele era demasiadamente
espessa para que a pudessem ferir setas ou espadas.
Mas Hércules não teve medo.
Dirigiu-se à caverna do leão com o arco e as setas, resolvido a matá-lo. No
caminho passou por uma oliveira forte e nodosa. Servir-me-á — pensou ele — de clava, mas em vez de lhe
arrancar uma pernada, como teria feito um homem fraco, arrancou-a toda pela
raiz. Assim armado, procurou a caverna do leão.
Nunca ninguém encarara a fera. Os
pastores abandonavam sempre os rebanhos à mercê do cruel animal, tanto temiam
que ele os devorasse.
Hércules esperou sozinho o leão no
espesso bosque.
De repente, um rugido indicou a
Hércules que a fera se aproximava.
Regressava à caverna depois de um
dia inteiro de sanguinária caça. A sua pele vinha salpicada de sangue e os seus
olhos relampejavam de ferocidade.
Hércules, detrás de uma árvore,
esperou que o leão se aproximasse. Depois, fixando a seta no arco, apontou
cuidadosamente o tiro, despediu-o e acertou. Mas a seta caiu no chão, deixando
a fera sem uma arranhadura. A seta não pudera penetrar-lhe a pele.
Hércules despediu outro tiro com o
mesmo resultado. A fera não fazia senão dar voltas, olhando para os pés.
Sibilava nova seta, quando o leão avistou Hércules. Com um rugido feroz pulou e
alçou-se, mas Hércules estava em guarda, levantara a clava, a oliveira, acima
da cabeça, e descarregando-a sobre a cabeça do leão, prostrou-o. Em seguida,
como fizera às serpentes dentro do escudo, quando criança, empolgou o leão pelo
pescoço, e estrangulou-o até ele não mais poder respirar.
Carregou com o corpo do leão aos
ombros e levou-o ao Rei. Da pele mandou Hércules fazer uma capa que usou
sempre.
III - HÉRCULES E A HIDRA
O segundo trabalho que o Rei impôs
a Hércules era muito mais perigoso do que matar o leão.
Era de matar uma horrenda hidra que
vivia num pântano e cujo hálito exalava tanto veneno, que ninguém se podia
aproximar.
Morriam muitos só por terem
respirado o ar que vinha do pântano.
Por desgraça, no meio do pântano
estava a fonte ou poço donde o pobre povo colhia a água para beber.
Mas agora era impossível lá ir. Os
estios tinham sido muito quentes e secos. Escasseavam as fontes. Povo e gado
morriam à falta de água, porque já nem o poço a dava.
Tinha a hidra nove cabeças, e a do
meio era imortal, quer dizer, não podia morrer. Além das nove cabeças, tinha
nove bocas, para devorar tudo o que ficava ao seu alcance.
Hércules levou consigo um camarada
e com ele chegou à vivenda da hidra que encontraram depois duma enorme jornada.
Esbraseados e cheios de pó,
procuraram o pântano que tinha ao meio a fresca fonte.
Mas logo se lhes impôs a hidra na
sua caverna com as nove cabeças a ejacularem veneno em todo o ambiente.
Hércules vibrou-lhe logo dardos até
a enfurecer com dores e ela pulou então da caverna para o pântano. Depois, ele
com a clava esforçou-se por lhe decepar as cabeças, mas ao passo que uma caía
no solo, brotavam duas em seu lugar e começavam a silvar e a morder ainda com
mais ferocidade do que as que tinham sido degoladas.
Viu logo Hércules que o combate não
podia terminar com a morte da hidra. Experimentou outro plano. Chamou o seu
amigo. Mandou-lhe pegar o fogo a algumas árvores que estavam à roda e
conservá-las com os ramos a arder. Com eles queimou todas as cabeças que decepara
e as extremidades dos respectivos pescoços, de maneira que não brotaram mais
cabeças, ficando só uma, do meio.
Como esta não podia ser queimada,
enterrou-a no solo e rolou uma grande rocha sobre ela para não poder erguer-se.
Tendo-se libertado assim do
monstro, Hércules tomou as setas e embebeu-as no veneno que brotava da hidra,
tornando-as armas mortais, mas muitas vezes teve remorsos por o ter feito.
IV - HÉRCULES E AS MAÇAS DE OURO: PRIMEIRA PARTE
Foi este um dos mais perigosos
trabalhos que o Rei impôs a Hércules.
Mandou o procurar três maçãs
mágicas, feitas todas de ouro e brotadas num jardim onde as guardava um soberbo
leão. Ninguém sabia onde era o jardim. Uns diziam que era na montanha. Diziam
outros que era lá para o norte, e outros que era muito para o sul.
Seguiu Hércules envolto na pele do
leão que tinha matado, com o arco e as setas ao ombro e a formidável clava na
mão.
Desde o princípio da jornada foi
perguntando a todos que encontrava qual seria o caminho direito para o famoso
jardim. Mas ninguém lhe sabia dizer.
Foi andando, até que chegou a um
rio em cujas margens viu algumas donzelas, fazendo grinaldas de flores.
— Sabeis
dizer-me, formosas donzelas perguntou Hércules qual será o caminho direito para
o Jardim das Maçãs de Ouro?
Ouvindo aquela pergunta do
estrangeiro, deixaram cair as flores na relva, e contemplaram-no com assombro.
— O Jardim
das Maçãs de Ouro! — exclamou uma. — Mas que quereis vós de lá?
— Um certo
Rei disse-me que fosse buscar as três maçãs de ouro — respondeu Hércules.
Não sabeis — atalhou a donzela — que um
terrível dragão de cem cabeças guarda as três maçãs de ouro? Sei isso
perfeitamente -replicou Hércules com serenidade. Mas tenho passado a minha vida
a matar serpentes, dragões, leões e javalis.
As donzelas contemplaram-no.
Viram-lhe a grande clava. Notaram a pele do leão. Acreditaram que teria
praticado grandes feitos, por ser o mais forte dos homens. Mas o dragão tinha
cem cabeças. Que homem, por mais forte que fosse, poderia esperar que escaparia
a tal monstro? Por isso elas tentaram convencer Hércules de que desistisse.
— Ide para a
vossa terra — gritaram-lhe elas. — Não penseis
mais nas maçãs de ouro! Não vos importeis com o cruel Rei. Não desejamos que o
dragão das cem cabeças vos devore!
Hércules pareceu agastar-se com o
que elas diziam. Alçando a clava formidável, deixou-a cair sobre uma dura rocha
e fê-la em pedaços.
— Não achais — perguntou-lhes, fitando-as e sorrindo que seria um golpe
capaz de esmagar uma das cem cabeças do dragão?
Então ele sentou-se e contou-lhes a
sua vida, como matara o terrível leão, como degolara a hidra de nove cabeças
com terríveis dentes em cada uma.
— Mas o dragão tem cem cabeças! disse uma das donzelas.
— Antes quero
combater com dois dragões do que com uma só hidra — disse Hércules — principalmente
quando ela, ao cortar-se-lhe uma cabeça, faz logo nascer outra.
E contou-lhes então como tinha
caçado um veloz touro e o apanhara e levara vivo para casa.
Acabando a sua história
acrescentou:
— Talvez
tenhais ouvido falar de mim. Sou Hércules.
— Sim — responderam elas os vossos feitos são conhecidos em todo o
mundo. Não estranhamos agora que queirais procurar o Jardim das Maçãs de Ouro.
Vamos informar-vos de tudo que possa auxiliar-vos na empresa. Deveis ir até à
beira mar. Ide ter com o Oráculo do Mar e obrigai-o a dizer vos onde podeis
achar as maçãs de ouro. Conservai-vos ao pé dele, quando o encontrardes e
segurardes, e ele vos dirá o que desejais saber.
Hércules agradeceu e seguiu o seu
caminho, enquanto as donzelas continuavam tecendo as suas grinaldas.
— Coroá-lo-emos
com flores, quando ele vier com as três maçãs de ouro disseram elas.
SEGUNDA PARTE
Seguiu Hércules por montes e vales,
e através de solitários bosques. Algumas vezes manejou a sua clava e abateu
carvalhos robustos com um só golpe. Aqui e ali ouvia o mar rugindo. Conheceu
que estava perto do Oceano. Depressa chegou a uma praia, vendo-se as ondas
lamber a areia numa extensa linha de branca espuma.
No extremo da praia havia um lindo
sítio, com as rochas vestidas de musgo, o que dava aspectos doces e agradáveis.
E Hércules viu ali um velho a dormir. Seria o Oráculo? À primeira vista assim
lhe pareceu, e depois verificou que era criatura que tinha vivido no mar. As
suas pernas e os seus braços eram de escamas, como têm os peixes. Seus pés
lembravam os dum pato. A sua longa barba era semelhante a um tufo de algas.
Hércules, logo que o viu,
convenceu-se de que devia ser o Oráculo do Mar que devia indicar-lhe o caminho
para o jardim onde se davam maçãs de ouro. Aproximou-se dele e segurou-o pelos
braços e pelas pernas.
— Diz-me — gritou-lhe — qual é o caminho para o Jardim das
Maçãs de Ouro.
Em vão o velho se esforçou por se
safar. Hércules não o largou.
— Que me
quer? — gritou o velho. — Por que me
segura? Deixai-me por um instante.
—Chamo-me
Hércules! — disse o poderoso estrangeiro. Não vos largarei,
enquanto me não disserdes qual o mais curto caminho para o jardim.
O Oráculo, ouvindo quem ele era,
compreendeu que em vão tentaria escapar-se. Conhecia de tradição a força de
Hercules e os grandes feitos dele. Sabia que a resistência seria paga com a
vida. Por isso logo lhe disse como podia encontrar o Jardim das Maçãs de Ouro e
avisou-o dos perigos que podia ter no caminho.
— Deveis ir
até verdes um grande gigante que sustenta o céu nos seus ombros. E o gigante,
se tiverdes a sorte de encontrar de bom humor, vos dirá o sítio exato do
jardim.
— E se o
gigante não estiver de bom humor disse Hércules brincando com a sua grande
clava e levantando-a na ponta dum dedo talvez deva abrir-lhe caminho a ele.
Hércules agradeceu ao Oráculo e
seguiu caminho. Atravessando arenosos desertos, caminhando o mais que podia,
chegou à praia dum grande mar. Ali pareceu-lhe que o caminho devia findar,
porque nada havia diante dele, a não ser o grande, o profundo e espumoso
oceano.
Mas, quando olhava, alongando a
vista quanto pôde, viu brilhar qualquer coisa. Aproximou-se e tanto que viu um
enorme barco, feito de cobre brilhante e refulgente. Era muito amplo e, apesar
de ser feito de cobre, flutuava tão bem nas ondas como qualquer palhinha na
água dum regato. E o barco chegou à praia perto do sítio onde Hércules estava.
Compreendeu então o que tinha a
fazer. Era evidente que o enorme barco tinha sido lançado por algum
desconhecido para o levar através do mar ao caminho do jardim.
Saltou para bordo, entrou no barco
e estendendo a pele do leão, deitou-se e depressa adormeceu.
TERCEIRA PARTE
As ondas chocavam-se docemente com
o barco, balouçando-o.
Ele dormiu algum tempo até que o
barco bateu com grande fragor de encontro a uma rocha.
Isto acordou Hércules que se ergueu
e olhou à roda. Não estava muito longe do ponto em que o barco tinha flutuado e
estava perto da praia que lhe parecia uma ilha.
E sobre essa ilha que viu ele? Uma
figura como Hércules nunca vira em todas as suas viagens. Era um gigante! O
gigante era alto como uma montanha. Era tão grande que parte dele escondia-se
nas nuvens e tanto que ele nem podia ver Hércules nem o barco que o trouxera
pelo mar.
O gigante apoiava-se nas suas mãos
enormes e parecia sustentar o céu que lhe ficava acima da cabeça. Quando as nuvens
se dissiparam, viu Hércules o rosto do gigante.
Os seus olhos eram enormes como
lagos, o seu nariz tinha de comprimento uma milha, e tinha a boca na mesma
proporção.
Devia estar ali há muito tempo
porque uma floresta tinha nascido e morrido aos seus pés, e carvalheiras com
setecentos anos de idade tinham brotado entre os seus artelhos.
Agora o gigante olhava para baixo.
Viu Hércules e rugiu numa voz semelhante à do trovão.
— Quem és tu
que estás aos meus pés? Donde vens?
— Sou
Hércules — replicou o herói numa voz nítida, tão forte como a do
gigante. —Vou à busca do jardim onde há maçãs de ouro.
— Oh! oh! oh!
— rugiu o colosso. — E pensas
que chegarás lá?
— Por que
não? — bradou Hércules. — Imaginas
que tenho medo do dragão das cem cabeças?
Naquele momento ribombou um grande
trovão, o que não permitiu ao nosso herói ouvir o que o gigante dizia, enquanto
negras nuvens lhe saíam do olhar. Por fim, a tempestade afastou-se e o
firmamento clareou e o tremendo gigante sobressaiu ao alto.
— Eu sou
Atlas — disse a Hércules.
— Mas podes
tu indicar-me o caminho para o jardim que preciso de encontrar?
— Que vais tu
lá fazer? — perguntou o gigante.
— Buscar as
três maçãs de ouro para as entregar ao Rei — respondeu
Hércules.
— Ninguém, a
não ser eu, pode ir ao jardim e colher as maçãs de ouro. Se não tivesse de
sustentar o céu, dava meia dúzia de passos no mar, e trazia-tas.
—Tu és
generoso — volveu Hércules. — Não podes
tu pousar o céu nas montanhas?
— Nenhuma
delas é alta bastante — disse Atlas, sacudindo a cabeça. — Mas, se aproximares a tua cabeça não ficará muito longe do
nível da minha. Pareces-me bastante forte. Sustenta o céu por mim e eu irei
aonde queres por ti.
— O céu é
muito pesado? — perguntou Hércules.
— A princípio
não é muito — volveu o gigante. — Mas
torna-se pesado depois de dois mil anos!
— quanto
tempo te é preciso para ires buscar as maçãs de ouro?
— Oh! bastam
alguns momentos — bradou Atlas. — Galgarei dez milhas ou mais duma vez, irei ao jardim e
voltarei antes de estares cansado.
— Muito bem — disse Hércules — treparei à
montanha detrás de ti e receberei o céu da tua cabeça.
Assim fez, e o gigante pôs um dos
pés fora da floresta que crescera à sua roda e depois o outro.
Entrou no mar, andou dez milhas no
primeiro segundo e dez milhas no imediato até lhe chegar a água aos joelhos.
— Hércules
via como o gigante chegava às nuvens onde escondia a fronte.
Já lhe parecia ter decorrido muito
tempo, quando, com grande alegria sua, avistou a grande figura do gigante,
semelhante a uma nuvem, sobre a praia do mar.
Logo que se aproximou, Atlas
estendeu a mão na qual Hércules pode ver as três lindas maçãs de ouro todas no
mesmo ramo.
— Estou
contente por te tornar a ver — disse Hércules — trazes realmente as maçãs de ouro?
— Sim, esplêndidas
que são. Tirei as mais belas da árvore — volveu
Atlas.
— Agradeço-te
tudo quanto me fizeste. E agora, como tenho um grande caminho a andar, e estou
comprometido a levá-las ao Rei, terás a bondade de tornar a carregar com o céu?
— Para quê? — disse o gigante, mostrando as maçãs de ouro a duzentas milhas
de altura e escondendo-as logo — assim como as trouxe, assim penso
que as não devo largar. Levarei as maçãs ao Rei muito mais depressa do que tu.
E não caio na tolice de continuar com o céu às costas.
-— quê?! — bradou Hércules irritadíssimo — tu
queres-me sujeitar a carregar com o céu para sempre?
Veremos isso um destes dias — volveu o gigante. — Seja como
for, não deves pensar se tens de sofrer isso cem anos. Muito mais sofri eu.
Depois de tanto tempo, é natural que descanse. Dizes que és um homem forte.
Assim o provarás.
—Pois seja! — replicou Hércules. — Mas
sustenta agora por um momento o céu. Preciso de fazer uma trouxa da minha pele
de leão para proteger a cabeça de tão grande peso.
— Isso é
interessante — disse Atlas — não duvido
fazer-to.
— Só cinco
minutos. Depois, carregarei com o firmamento. Só cinco minutos!
Então Atlas deixou cair as maçãs e
apoiou o céu na cabeça.
Hércules apanhou logo as maçãs de
ouro e largou pelo seu caminho.
Em vão, Atlas rugiu que fosse lá.
Hércules afastou-se depressa de modo que não tornou a ouvir a voz do gigante e
dirigiu-se ao palácio do Rei.
---
Iba Mendes Editor Digital. São Paulo, 2025.
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