O DINHEIRO ENTERRADO

Tendo certeza de que não viveria
muito tempo, sentindo-se mal, já no último período da vida, o velho Samuel
chamou junto ao seu leito de agonia os três filhos que tinha e lhes disse:
— "Meus filhos: até hoje nós
vivemos sofrivelmente, nem ricos nem pobres, somente por culpa vossa. Enquanto
fui moço e forte trabalhei no serviço da lavoura. Depois fostes crescendo, mas
jamais quisestes trabalhar, auxiliando-me, assim, Quando eu fechar os olhos,
sei que vendereis esta roça, e que, acabando o dinheiro, vos tornareis vagabundos...
talvez ladrões... talvez assassinos. Prevendo isso, economizei quanto pude, e
deixo-vos uma grande fortuna. Enterrei neste campo vários cofres de ouro e
pedras preciosas. Não me lembro mais em que lugar. Procurai-os, porém, que os
achareis".
O velho Samuel morreu, e desde o
dia seguinte os três rapazes começaram a revolver as terras, em todos os
sentidos, na esperança de encontrar o tesouro oculto.
Passaram-se dias, passaram-se
semanas, meses e meses, e os moços não cessavam aquele afã.
Como os campos eram vastíssimos,
levaram muito tempo.
Nesse intervalo as árvores
floresciam e carregavam-se de frutos; as hortaliças abundavam; os canaviais e
os cafeeiros produziam espantosamente.
E eles iam tomando gosto pelo
trabalho, enquanto recolhiam o fruto que rendia a lavoura.
Foi só então que compreenderam o
estratagema do pai.
Não havia dinheiro algum enterrado,
e o velho quis significar-lhes apenas que o trabalho é nobre e rende mais que o
dinheiro.
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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)
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