3/26/2025

Lenda de Santo Antônio ("Histórias da Baratinha"), por Figueiredo Pimentel


LENDA DE SANTO ANTÔNIO

O padre Antônio estava uma vez em Pádua, a pregar um sermão na igreja, quando um anjo, baixando dos céus, veio dizer-lhe que fosse a Lisboa salvar seu pai, condenado injustamente à morte.

Sem sair do púlpito, Antônio chegou no mesmo instante a Lisboa.

Viu numeroso cortejo.

A frente da grande massa popular, estavam soldados, o carrasco, juízes e o condenado. Em todas as esquinas, um oficial de justiça lia em voz alta um pregão.

Nele se contava que tendo o réu assassinado um homem, para roubar, como o haviam jurado testemunhas de vista, fora condenado ao patíbulo.

Chegado o lúgubre cortejo à praça onde se erguia a forca, Antônio fê-lo parar e exclamou:

— "Homens da justiça! Deus mandou-me aqui dizer-vos que ides matar um inocente!"

— "Não é inocente!" respondeu o magistrado. "Há testemunhas".

— "É inocente!" repetiu o padre Antônio.

— "Como poderás prová-lo?".

— "Perguntando ao morto. Vamos ao cemitério, que, pelo poder de Deus, o morto falará".

* * *

O fúnebre cortejo dirigiu-se ao cemitério, e parou em frente ao túmulo do assassinado,

— "Homem morto!", ordenou Antônio, "em nome de Deus, ordeno-te que digas a verdade. Levanta-te!... Quem te matou?

Viu-se o túmulo abrir, e o cadáver, envolto na mortalha, disse:

— "Quem me matou não posso dizê-lo, porque Deus não quer que eu seja denunciante. Direi apenas que não foi o que ides enforcar. Esse é inocente...""

O túmulo fechou-se de novo com o cadáver.

— "Milagre!... Milagre!... bradou o povo. Soltaram o condenado.

Antônio voltou a Pádua, no mesmo instante, e continuou o seu sermão.



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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)

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