Muitíssimo elegante era a filha do veado — um
primor de beleza.
O cágado e o gambá apaixonaram-se por ela e
ambos a queriam em casamento.
O veado contou ao primeiro que o seu rival
também pretendia a jovem corça, o que o desesperou, exclamando enraivecido:
— "Como é que o idiota do gambá tem tamanha
pretensão!Ele para nada serve! Até é meu cavalo!...
Mais tarde o gambá, sabendo que o seu rival
falara mal dele, jurou em casa do veado que se havia de vingar, dando-lhe
grande sova.
Deixou passar uma semana e no domingo dirigiu-se
para a casa do seu inimigo.
Esse, assim que o viu, amarrou um lenço à cabeça,
deitou-se na cama, e esperou que o outro chegasse.
O gambá bateu palmas e entrou. Convidou muito
o cágado para darem um passeio, mas o velho finório desculpou-se alegando que
estava doente e que não podia andar a pé.
Insistindo muito a visita, disse-lhe:
— "Já que você pede tanto, irei mas com a
condição de me levar às costas".
A princípio o gambá não quis mas vendo que o
outro não se decidia doutra forma, consentiu, ficando, porém, o cágado de
saltar antes de chegar à casa do veado.
Matreiro, hábil, insinuante, o cágado foi
pouco a pouco convencendo o seu rival que não podia montar sem pôr o freio, a
manta o selim, e calçou botas e esporas.
Quando iam chegando perto da casa da corça, e
o gambá quis parar para o outro descer, ele puxou o freio e meteu a esporar com
tanta força, que o inimigo não teve remédio senão correr e chegar à habitação
do veado.
Todos riram-se muito. O gambá envergonhado
fugiu, e a corça casou-se com o cágado.
---
Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...