PELE DE PORCO
Era
uma vez um grã-duque que tinha uma mulher muito linda, e gostava imenso dela.
Ora
a grã-duquesa morreu e deixou uma filha única, que era mesmo a cara da mãe.
O
grã-duque disse:
—
Querida filha! vou casar contigo.
Ela
foi ao cemitério, à sepultura da mãe, e começou a chorar. E a mãe disse-lhe:
—
Dize ao pai que te compre um vestido cheio de estrelas.
O
pai fez-lhe a vontade e daí por diante ainda mais se apaixonou por ela.
A
filha foi outra vez à sepultura da mãe, que lhe disse:
—
Dize ao pai que te compre um vestido com a lua nas costas e o sol no peito.
O
pai fez-lhe a vontade, e apaixonou-se por ela ainda mais.
A
filha foi outra vez ao cemitério, e começou a chorar.
—
Mãezinha! o pai apaixonou-se por mim
—
Pois bem, filhinha! disse a mãe, agora dize ao pai que te mande arranjar uma
pele de porco.
O
pai fez-lhe a vontade e, quando a pele estava pronta, a filha vestiu-a.
O
pai cuspiu-lhe e expulsou-a de casa, e não lhe deu criadas, nem pão para o
caminho. Ela benzeu-se e saiu dizendo:
—
Vou-me embora, e será o que Deus quiser.,
Foi
andando um dia, dois, três, ate que chegou a uma terra estrangeira.
De
repente, vieram nuvens e trovoada.
Onde
havia ela de se abrigar da chuva?
A
princesa avistou um carvalho enorme, e empoleirou-se nos espessos ramos.
Nessa
ocasião, o príncipe ia à caça, e quando passava ao pé do carvalho, os cães
atiraram-se à árvore e começaram a ladrar. Mas o príncipe teve a curiosidade de
saber porque ladravam os cães ao carvalho. Mandou um criado ver; este voltou e
disse:
—
Ah! saiba vossa Alteza que no carvalho está empoleirado um bicho, que não é bem
bicho mas sim uma grande maravilha. O príncipe aproximou-se do carvalho e perguntou.
—
Que maravilha és tu? talas ou não?
A
princesa respondeu:.
—
Sou Pele de Porco.
O
príncipe desistiu de ir à caça, e sentou a Pele de Porco na sua carruagem,
dizendo consigo:
—
Vou levar esta maravilha a meus pais.
Os
pais do príncipe ficaram muito admirados e mandaram a maravilha para um quarto
especial.
Daí
a pouco tempo o Czar dava um baile; toda a corte estava em festa. A Pele de
Porco perguntou aos criados do Czar:
—
Posso estar à porta e ver o baile?
—
Não pode ser, Pele de Porco!
Ela
foi ao campo, pôs o lindo vestido cheio de estreias, assobiou e gritou, e
trouxeram-lhe uma carruagem; meteu-se na carruagem e foi para o baile.
Chegou
e dançou. Todos ficaram admirados da sua grande beleza.
Ela
dançou, dançou e desapareceu; depois tornou a vestir a pele de porco e foi para
o seu quarto. O príncipe veio ter com ela e perguntou-lhe:
—
Pele de Porco, não és tu a linda menina do baile?
Responde-lhe
ela:
—
Isso sim! Estive, mas foi à porta e pouco tempo.
Passado
tempo, tornou o Czar a dar outro baile: A Pele de Porco pediu licença para ver
o baile. A resposta foi a mesma.
Ela
foi ao campo, assobiou e gritou que parecia um rouxinol; apareceu uma
carruagem; a princesa despiu a pele de porco, e pôs o vestido com a lua nas
costas e o sol no peito. Chegou ao baile e começou a dançar. Todos olhavam
muito para ela.
Dançou
e tornou a desaparecer.
—
_Que havemos de fazer agora? disse o príncipe; como podemos saber quem era
aquela menina tão bonita?
Depois
de muito pensar untou com pez o primeiro degrau da escada, para que o sapato da
menina lá ficasse pegado.
No
terceiro baile, a princesa apresentou-se ainda melhor, e, quando se ia embora
do palácio, pegou-se4he o sapato ao pez da escada, e ficou ali.
O
príncipe apanhou o sapatinho e correu todo o reino para ver a quem servia o
sapatinho. A ninguém servia.
Voltou
para casa e foi ter com a Pele de Porco e disse-lhe:
—
Deixa cá ver os pés.
Ela
mostrou-lhos; o príncipe provou-lhe o sapato que lhe serviu logo.
O
príncipe cortou a pele de porco e tirou-a da princesa; depois pegou-lhe pela
mão, levou-a aos pais dele, e pediu-lhes licença para casar com ela. O Czar e a
Czarina abençoaram-nos; Pele de Porco depois o príncipe casou com a princesa, e
perguntou-lhe:
—
Por que é que usavas uma pele de porco?
Responde
ela:
Porque
era parecida com minha defunta mãe, e meu pai queria casar comigo.
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Iba Mendes Editor Digital. São Paulo, 2006.
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