8/31/2023

O eco (Conto), pelo Cônego Schmid


O ECO

O pequeno Jorge não tinha a menor ideia do que fosse um eco. Um dia ele lembrou-se de gritar no meio do prado: — Oh! oh! — e ouviu repelirem no bosque — vizinho as mesmas palavras: Oh! oh! — O menino, admirado, continuou a gritar: — Quem és tu? — A mesma voz misteriosa respondeu logo: — Quem és tu?

Jorge ainda continuou:

— És um rapaz muito tolo. — Rapaz tolo! repetiu a voz do fundo do bosque. Jorge ficou desesperado, redobrou as injurias que enviava ao bosque. O eco sempre as repelia fielmente.

Procurou inutilmente o mínimo que ele supunha lhe responder, para se vingar, porém não encontrou pessoa alguma. Jorge, vendo baldados os seus passos, correu para casa e foi se queixar a sua mãe de que um mau rapaz se tinha escondido no bosque para injuriá-lo.

— Vê, meu filho, lhe disse ela, tu te acusas e te trais a ti mesmo. Sabe que apenas ouviste tuas palavras; assim como tens visto teu semblante muitas vezes no regato, da mesma sorte acabas de ouvir a tua voz na floresta. Se houvesses gritado uma palavra delicada, ouvirias outra igual. Tudo é assim neste mundo. A conduta dos outros a nosso respeito é geralmente o eco da nossa. Se tratarmos com benevolência aos nossos iguais, eles nos tratarão da mesma maneira; se, porém, usarmos de grosseria, não poderemos nem teremos o direito de esperar melhor tratamento.

O eco repete sempre
Nossos gritos na floresta.
Seja sempre a nossa voz
Casta, pura e modesta.


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Tradução de Nuno Álvares.
Iba Mendes Editor Digital. São Paulo, 2023.

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