O ARCO-ÍRIS
Depois de uma tempestade que acabava de purificar o ar e de fecundar os campos, surgiu de repente no horizonte um formoso arco-íris. O pequeno Henrique estava na janela, e, apenas avistou o belo fenômeno, gritou arrebatado de alegria:
— Oh! nunca meus olhos virão cores
tão lindas e magníficas. É ali era baixo, perto do velho salgueiro e à margem
do regato, que elas cabem das nuvens sobre a terra. Bem vejo que pingam em gotas
de cada uma das folhas do arvoredo. Vou depressa encher com essas belas cores
todas as conchas da minha caixinha de desenho.
O menino correu com todas as suas
forças para a árvore; mas, ai! viu-se isolado na chuva e não descobriu o menor
vestígio das cores. Tristemente voltou molhado para casa, e foi se queixar a
seu pai da desgraça que lhe tinha acontecido.
— Meu filho, lhe disse este, não há
conchas neste inundo que possam recolher as belas cores que viste: são gotas de
chuva que brilham alguns instantes ao clarão do sol; essas tintas tão
esplendidas não são reais, nem podem durar além de um momento Acontece a mesma coisa,
meu querido amiguinho, com todas as pompas deste mundo: parecem alguma coisa,
porém na realidade não são mais do que uma luz fascinadora e vã como a do arco-íris.
Não te deixes enlevar na vida
Por um falso e deslumbrante brilho;
Não mudes em pesar os gozos;
Segue sempre da virtude o trilho!
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Tradução de Nuno Álvares.
Iba Mendes Editor Digital. São Paulo, 2023.
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