8/31/2023

As flores (Conto), por Cônego Schmid


AS FLORES

Em um belo dia de primavera, a pequena Margarida foi passear sozinha nos prados próximos à aldeia, e se divertia em colher flores para formar um ramalhete. Ela viu, junto de uma sebe de espinhos, uma grande quantidade de lindas violetas. Transportada de alegria, começou a colhê-las sem precauções.

— Minha filha, lhe disse ura velho aldeão que por ali passava, afasta-te desta sebe, que é o lugar onde as serpentes se escondem.

A menina ficou cheia de terror e parou por alguns momentos; porém a cobiça de possuir as lindas flores venceu ao receio.

— Só quero, disse ela, colher aquela violeta que aparece entre as ervas: tem uma cor azul tão formosa que eu a desejo para o meu ramalhete.

No instante em que ia colhê-la, uma víbora enroscou-se no seu braço, mordeu-a e inoculou lhe o seu veneno fatal. A pobrezinha, a linda Margarida, morreu no fim de algumas horas

Feliz aquele e que possui o dom
De saber moderar os seus desejos
Quantas vezes um fatal veneno
Se oculta no estridor dos beijos.



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Tradução de Nuno Álvares.
Iba Mendes Editor Digital. São Paulo, 2023.

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