Gratidão
Conta-se que um homem ao chegar na mais avançada velhice, resolveu plantar
certo tipo de árvore, cujos frutos eram a principal fonte de alimentação do povo de sua aldeia.
Pela manhã tomou café, aprontou a marmita, pegou um punhado de sementes
e saiu com destino ao campo. Seu caminhar trôpego e vacilante indicavam que já
havia passado dos oitenta anos de idade.
Enquanto preparava o solo para o plantio ia pensando na vida.
Sabia que lhe restava pouco tempo, e por isso procurava acelerar o trabalho. Chegado
ao meio-dia já havia capinado um bom pedaço de terra, o suficiente para plantar
umas cinquenta árvores. Tendo feito uma pausa
para o almoço, retornou imediatamente à labuta, cavando a terra com uma velha enxada.
Feitas as covas, principiou a semeadura. As pessoas que ali iam passando, admiravam-se
que um homem naquela idade pudesse realizar um trabalho de tamanha envergadura.
Uma delas, um moço na flor da juventude, vendo todo aquele esforço do pobre homem,
parou e perguntou-lhe:
- Bom velho, que plantas aí?
O velho explicou que se tratava da famosa árvore, de cujos
frutos todos os aldeões se alimentavam.
- Bem, vejo que já estás em idade muito avançada. Certamente
não terás muitos anos de vida pela frente. Sendo assim, por que toda essa
trabalheira se não chegarás a comer dos frutos dessas árvores?
A essa pergunta o velho respondeu:
- Há mais de oitenta anos que venho me alimentando de frutos
que nunca plantei. Portanto, em retribuição
aos que vieram antes de mim, deixo para a posteridade um pouco da minha
gratidão. Não planto, pois, para mim,
mas para os que virão depois de mim, para seus filhos, seus netos...
O rapaz, muito comovido com o gesto do bom velho e convencido de seus justos argumentos, ofereceu-se de pronto para ajudá-lo naquela preciosa tarefa.
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