A pedra no caminho
Conta-se que havia numa aldeia um homem bastante rico e de um
coração muito bondoso, de modo que nada deixava faltar ao seu povo, pois estava sempre disposto a ajudá-lo. Aos
doentes ele providenciava médicos e remédios, aos famintos ele os enchia de mantimentos,
aos injustiçados ele provia justiça, às crianças ele agraciava com brinquedos e
livros. Enfim, todos podiam recorrer à sua imensa generosidade.
Porém, com o correr dos anos as pessoas ficaram muito acomodadas
e não queriam mais trabalhar, sempre confiando na benevolência do nobre homem. Apenas
um moço, filho de uma pobre viúva, continuava na sua faina de trabalhador, saindo
cedo para a roça e retornando sempre ao crepúsculo da tarde.
Numa noite de um luar esplêndido, o homem rico deixou sua
cama e foi até o único caminho que dava entrada para a aldeia. Com muito esforço moveu uma pedra que havia
ali próximo e a colocou bem no meio da estrada. Em seguida retirou-se, tomando
o devido cuidado para que ninguém o visse.
Pela manhã foi o primeiro a levantar-se. Subiu até o terraço
de sua grande mansão e de lá ficou a observar a reação dos moradores.
Uma mulher, que ia à missa, passou, olhou a pedra e desviou-se resmungando:
- Porcaria!
Um homem, que vinha da casa de uns parentes, passou, olhou a
pedra e a rodeou dizendo:
- Que coisa desagradável!
Logo depois passou um rapaz, olhou também a pedra que estorvava a
passagem e disse para si:
- Que maçada! Por mim fica aí pra sempre.
Perto do meio-dia passaram dois homens que vinham de uma
outra aldeia. Pararam, olharam a pedra por alguns momentos, mas logo a contornaram
e seguiram viagem.
Ao fim da tarde, o filho da viúva, que havia dormido fora,
passou, parou, olhou bem a pedra e disse:
- Que coisa! Esta pedra não pode ficar aqui. Tenho que
movê-la, pois vai atrapalhar a passagem das pessoas.
Dizendo isso, arregaçou as mangas e após muitas tentativas conseguiu
por fim demovê-la do caminho. Porém, grande
foi seu espanto ao ver soterrado debaixo dela um enorme baú de metal, sobre o
qual estava escrito em tinta dourada: "Todo este ouro pertencerá a quem
tirar a pedra do caminho".
O bom homem, que assistia a cena de sua casa, ficou muito
feliz com o empenho do moço. Esse, por sua vez, ficou muito rico e continuou benevolente para com
todos.
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