O fantasma dos quatro contornos
Reza uma lenda dos
antigos pioneiros de Capim Grosso, que um fantasma, nas noites de toda sexta-feira
13, ronda os quatro contornos da cidade a procura da pessoa que lhe teria
roubado todo o seu tesouro, a qual também não lhe poupou a vida. Diz ainda a
mesma lenda que o dito fantasma era,
antes de ser desencarnado, um antigo fazendeiro da região, o qual enriquecera nas minas de ouro de
Jacobina, tornando-se, nos idos tempos, uma das pessoas mais célebres de toda
aquela redondeza.
Conta-se
que numa certa noite de uma sexta-feira 13 de um ano remoto e desconhecido,
guiava ele um burro com dois grandes caçuás, nos quais transportava dois
baús contendo a soma de toda a sua riqueza, equivalente a treze grandes barra
de puro ouro. Quando, enfim, chegou à
sua fazenda em Capim Grosso, arriou sozinho sua preciosa carga e, ao transpô-la
para dentro de casa, onde seria depositada numa urna subterrânea feita para
essa finalidade, eis que de súbito aparece, ao longe, um malfeitor encapuzado e
usando uma máscara que imitava a figura do capeta. O fazendeiro, notando a
aproximação do estranho, tentou num lapso de desespero fechar a porta. O outro,
porém, foi mais rápido, e num salto de gigante deu com o ombro na madeira,
adentrando na habitação com uma arma em punho. O homem ainda tentou correr e se
trancar num dos aposentos da casa, mas foi impedido por uma bala de espingarda
que o atingiu bem no meio do coração. Em seguida, o ladrão arrastou-o até a
mesma cova onde seria depositado o tesouro, e ali o lançou, cobrindo-o com terra
e cimento.
Muitos anos depois,
alguns moradores passaram a relatar terem visto, distintamente nos quatro contornos,
sempre nas noites de sexta-feira 13, uma visagem coberta de um manto negro, a
qual, arrastando pesadas correntes, grita numa voz cavernosa: "Cadê meu
ouro?... Cadê meu ouro?... Cadê meu ouro?..."
Conclui a lenda
que, enquanto não se descobrir o paradeiro deste ouro, a alma daquele finado continuará
para sempre rondando os contornos da cidade. E, ai de que tiver a desdita de
ser tocado por ela! Quando morrer, arremata
o relato popular, sua alma também vagará e o seguirá na busca das 13 barras de
ouro.
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São Paulo, 16/01/202.
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