Redes sociais: o desespero da realidade
No geral pode-se dizer, com pouca margem de exagero, que não há verdades
nas redes sociais. Até as fotografias, que deveriam refletir com mais precisão
a realidade, nem estas escapam da dissimulação e da superficialidade. Neste
aspecto, os editores de imagens, cada vez mais inovadores, têm se mostrado bem
superiores aos bons cirurgiões na arte de plasmar. A facilidade de se manipular
imagens para exposições públicas tem tornado assim o espelho numa espécie de
relíquia incômoda e desnecessária. Até o rosto jovem e belo, ainda este não
fica isento de algum tipo de retoque, mesmo que o simples disfarce de uma acne
indesejada. Neste universo de mentiras o "elogiar" tornou-se regra, e
o contrário choro e ranger de dentes. Uma foto não curtida pode resultar numa
noite triste de insônia. Daí a obsessão por se melhorar a "performance"
e de novas exposições ainda mais "picantes". Para muita gente as
"curtidas" nas redes sociais funcionam como certos tipos
entorpecentes alucinógenos, dos quais se viciam e se tem delírios mentais
fantásticos. O chamado "nudes" é o ponto máximo em que alguém pode
chegar na busca por atenção; é o último e desesperado apelo quando um corpo bem
vestido já não é capaz de gerar uma quantidade razoável de cliques e elogios. É neste ponto que para muitas pessoas as redes sociais funcionam como uma espécie de droga
de alta concentração e toxidade, cuja abstinência pode levar ao aniquilamento
da própria razão de existir. Este é o ápice da alienação do próprio ser. É o desespero da realidade.
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