Carolina Augusta de Novais que viria a ser uma das figuras feminina indiretamente de maior significação na literatura brasileira, era portuguesa e chegou ao Rio de Janeiro, para residir com o irmão enfermo, nos fins de 1866. Ao lado de Faustino Xavier de Novais, poeta satírico, prestando-lhe a desvelada assistência de irmã, Carolina, com os seus 32 anos, simpática, atraente, desembaraçada, inteligente, habituada ao trato com intelectuais, tornou-se o centro das reuniões com que os amigos do doente procuravam alegrá-lo. Entre aqueles amigos, estava Joaquim Maria Machado de Assis, com quem um ano após, vencida a resistência da família da noiva, toda ela rebelada contra o pretendente mulato se casava movida por um firme e superior sentimento de mulher de espírito.
A esta singular mulher, dedicou
Machado de Assis o soneto seguinte:
Querida! Ao pé do
leito derradeiro,
em que descansas
desta longa vida,
aqui venho e virei,
pobre querida,
trazer-te o coração
de companheiro.
Pulsa-lhe aquele
afeto verdadeiro
que, a despeito de
toda a humana lida,
fez a nossa
existência apetecida
e num recanto pôs um
mundo inteiro...
Trago-te flores -
restos arrancados
da terra que nos viu
passar unidos
e ora mortos nos
deixa e separados;
que eu, se tenho, nos
olhos mal feridos,
pensamentos de vida
formulados,
são pensamentos idos
e vividos.
---
Consulta bibliográfica:
Revista Leitura, dezembro de 1943.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...