Porque sou
"isentão"
O termo
"isentão", usado pejorativamente para definir a pessoa que não assume
com clareza sua posição ideológica, origina-se do adjetivo "isento"
(de "isentar"), o qual denota, entre outras coisas, "aquele que
julga sem parcialidade ou sem paixão".
Embora tal neologismo seja
utilizado com mais frequência pelos partidários da chamada "Direita",
ele também é aplicado de muitas formas pelos adeptos da "Esquerda".
Em ambos os casos, porém, o objetivo é sempre o mesmo, ou seja, atacar quem não
se prende a uma determinada vertente política. Daí o sentido depreciativo que se
lhe atribuem. Em última análise, portanto, o termo teria a mesma equivalência de
um xingamento ou ofensa, cujo plano de fundo remete sempre a algo próximo da
intolerância. A existência do "isentão" funcionaria assim como uma espécie
de afronta ao pensamento binário dominante, no qual não há espaço para a
divergência de opiniões. O simples fato de alguém não se portar em defesa de um
determinado político, isso em si já é suficiente para colocá-lo no rol dos
"isentões".
A par disto
e dada a minha condição de cidadão pensante e anônimo, prefiro mil vezes o
rótulo de "isentão" a submeter minha consciência ao cutelo do próprio
carrasco que me suplicia... O fato de
ser um "isentão" é o que me torna livre para criticar qualquer governo,
sem me importar com siglas ou partidos; é o que me dá condição para mudar de
opinião quando necessário, ou que me mantém firme numa ideia mesmo quando todos
abraçam a unanimidade; ser "isentão" é o que me faz enxergar que a
corrupção não é um fenômeno específico de determinada vertente política, mas
algo intrínseco a todo um sistema corruptor, no qual estão inclusos tanto inescrupulosos
como virtuosos; ser "isentão" é poder exercer com liberdade o meu
direito de não colaborar com um sistema eleitoral autoritário e promíscuo, no
qual o dinheiro do povo é repartido desproporcionalmente conforme a dimensão do
"parasita" (aliás, não poderia ser um verdadeiro "isentão"
apertando essa "descarga"). Enfim, é apenas como um
"isentão" que posso exercer livremente minhas opiniões políticas, sem
precisar vender a preço de banana a minha dignidade...
É isso!
Iba, concordo com você, com uma ressalva: O que você chama de binário eu chamo de polaridade burra (ou isto ou aquilo), porque já vi gente tratando binário da mesma forma que isentão e há casos em que, pelo menos para mim, não há como não ser binário.
ResponderExcluirCaro Sérgio,
ExcluirPertinente sua observação... Agradeço a gentileza da participação... Abraços...