Até à Abdicação
do 1º Imperador
O
sismo da Revolução Francesa (1789-93) abalara trono e altar. Sobre os escombros
da sociedade antiga aparece o aproveitador, Napoleão, que explora e organiza a
catástrofe, em proveito próprio. O adventício leva a França contra a Europa,
distraindo-a de si, e só a Inglaterra, bloquedada pelo continente, escapa:
Portugal está sentenciado, pela amizade inglesa. Às injunções tergiversa o
príncipe Dom João, regente, que, em nome da mãe, a rainha louca D. Maria I,
governa, e entre Franceses invasores e Ingleses no Tejo, tem de decidir. O
número do Monitor, de 13 de
novembro, o jornal francês declara, oficialmente, a queda da casa de Bragança: O Príncipe Regente de Portugal perde o seu
trono: perde-o por causa das intrigas dos ingleses. Tê-lo-ia visto? É
improvável dada a pequena distância de tempo, mas não importa para a decisão.
A
ideia era antiga. Já D. João III dissera a Martim Afonso de Sousa, passemo-nos para o Brasil... entre sizo e galantaria. Mais,
seriamente, Dom João IV, em 1647, considerou o alvitre de se retirar para o
Brasil e o aconselhou à rainha Dona Luíza de Gusmão, se preciso fosse, em carta
achada em gaveta secreta, marcada com três cruzes, como imperativo conselho,
testemunha Vieira.
D. Luís da Cunha diz que o bisavô D. Pedro da Cunha dera a D. Antônio Prior do
Crato, na incapacidade de disputar o reino a Filipe II passasse a ser Rei de
Portugal no Brasil cuja vastidão e
riquezas erão as que naquele tempo se sabião e ele próprio
sugeriu-o a Dom João V: S. M. se acha em
idade de ver florentíssimo e bem povoado aquele imenso continente do Brasil; se
nele, tomando o título de Imperador do Ocidente, quisesse estabelecer a sua
Corte, levando consigo... Quando Espanha invade Portugal, sob Dom José, por
causa do “Pacto de Família”, Pombal prepara armada para a Família Real e a
Corte virem ter ao Brasil. É o que realiza Dom João VI, combinado por acordo
com Inglaterra, em 22 de outubro de 1807, ratificado em Lisboa a 8 de novembro
do mesmo ano.
O rei de Portugal não seria prisioneiro, e à discrição, como Fernando VII, de
Espanha. A emigração não foi fuga, senão estratégia política, assim o entendiam
todos, e até o reino abandonado. Em 28 de novembro de 1807, dia anterior à
partida, Mousinho da Silveira escrevia a amigo: Deus queira que os últimos cuidados do nosso soberano influam até que
ele volte, sempre do mesmo modo; e Deus queira que ele seja feliz para nosso bem.
Resolve
o Príncipe deixar Portugal, partindo com a Família, a Corte, 15.000 pessoas, o
imenso recheio de seus paços, o que pode salvar em dinheiro, joias, valores,
para o Brasil, a 29 de novembro de 1807. Mais um dia, e Junot, em Lisboa, teria
impedido a partida. Os Ingleses comboiam até certa altura os viajantes, e, até
o Brasil vêm ainda quatro naus inglesas. A esquadra portuguesa separa-se no
mar, navios vêm diretamente ao Rio de Janeiro, mas o Príncipe aporta à Bahia, a
21 de Janeiro de 1808. É bem recebido, desembarca, um mês de festas, tendo
inúmeros pedidos para ficar, a que não acede, devendo partir para o Rio de
Janeiro, melhor abrigado. O Conde da Ponte, governador, apresenta-lhe José da
Silva Lisboa, que estudara em Coimbra, versara economia política e direito
marítimo, que lhe sugere abrisse os portos do Brasil ao comércio das nações
amigas: seria ato liberal, a dar, à jovem metrópole, progresso e grandeza
dignos da nova situação. Sem ministros, que haviam seguido em outras naus para
o Rio, e poderiam, na regra, estorvá-lo, convence-se Dom João e, a 28 de
Janeiro, assinou a carta régia da abertura dos portos. Silva Lisboa, depois
Visconde de Cairu, virá a dizer: O Snr.
Dom João resolveu fazer tanto bem sem esperar pelos conselheiros de Estado, que
se tinham desvairarado em rumo, pela dispersão da tempestade na costa de
Portugal. É pois inteiramente obra sua a carta régia, foral novo do Brasil. A 26 de
fevereiro parte da Bahia para chegar ao Rio a 7 de março, desembarcando no dia
imediato, com salvas, repiques, vivas ao “Imperador do Brasil”, indo, antes do
Paço, dar graças na Igreja do Rosário. São nomeados os ministros: Dom Fernando
José de Portugal e Castro, depois Conde e Marquês de Aguiar, que era vice-rei,
para os negócios do Reino; D. Rodrigo de Sousa Coutinho, depois Conde de
Linhares, para os Negócios Estrangeiros e Guerra; o Visconde, depois Conde de
Anadia, para a Marinha. (Esses Ministros, viria dizer o jornalista brasileiro
Hipólito da Costa, bem se poderiam comparar a três relógios: o Linhares sempre
adiantado; o Aguiar, cada vez mais atrasado; o Anadia, irremediavelmente
parado: se estes contentavam aos conservadores, aquele punha o governo à frente
da revolução, assim uma evolução apressada). Pouco depois chegava o Embaixador
inglês, Lord Strangford, e era assim que a Corte e Governo se compunham.
Novas
instituições se criam: Supremo Conselho Militar e de Justiça, Mesa de
Desembargo do Paço, Mesa da Consciência e Ordens, a Casa de Suplicação em que
se transforma a Relação, a Intendência geral da Polícia, o Arquivo Militar, a
Impressão régia, uma fábrica de pólvora, contadoria da marinha, uma ordem
honorífica renovada, a da Torre e Espada, e a declaração de guerra a Napoleão...
Os
portos foram abertos às nações amigas, isto é, à Inglaterra. Foi permitida a
indústria fabril e manufatureira. Reduções de impostos às mercadorias
carregadas em navios nacionais, a 16%; diminuíram de um terço de direito de
entrada os gêneros molhados. Criou-se o Erário Régio, o Conselho da Fazenda, o
Tribunal de Junta de Comércio, criaram-se casas de permuta do ouro em pó por
moeda ou bilhetes. Fundou-se o Banco do Brasil, com o capital de 3.000.000 de
cruzados e 1.200 ações de um conto de réis cada uma, com faculdade de emitir
bilhetes de curso forçado e garantido pelo Estado. Abriram-se estradas para o
interior e mandaram-se investidas contra índios ferozes, para conquista e
civilização do Rio Doce. Fez-se melhor: uma formal declaração de guerra a esses
Botocudos. Hipólito da Costa, em Londres, no Correio
Brasiliense, prometia
publicar a resposta de Sua Excelência o Secretário de Estado dos Negócios
Estrangeiros e da Guerra, que teria ido aprender a ler e escrever, para isso...
Em
9 recomeça a correr água no chafariz do largo da Carioca, trazida do Corcovado,
por Santa Teresa, pelos Arcos; em oito dias desapareceram todas as rótulas e
gelosias das casas do Rio, mudadas em janelas francas; os agricultores não
podem ser executados na propriedade de engenhos e lavouras, mas apenas em parte
dos rendimentos; o Conde da Ponte, falecido na Bahia, é substituído pelo
liberal Conde dos Arcos. Uma expedição, partida do Pará, toma Caiena, possessão
francesa, sem combate, retirando o general Victor Hughes, com a sua guarnição,
para a França (14 de Janeiro de 1810). Chegam do Oriente sementes e plantas de
especiaria, a moscadeira, a mangueira, o abacate, o cravo-da-Índia, a
toranjeira (grape-fruit ou pomelo),
que foram hospedados no jardim da Lagoa Rodrigo de Freitas, logo Jardim
Botânico, e na Quinta de São Cristóvão, doação do particular Elias Antônio
Lopes. Chegam notícias da retirada dos Franceses em Portugal. Imposto acrescido
sobre açúcar, tabaco, couros, algodão. Criação, no Hospital Militar, de uma
escola anatômica e médica, nomeados os professores; nomeação de um provedor-mor
de saúde da Corte, do Estado do Brasil. Como as moedas de ouro fogem para
Inglaterra, cunham-se patacas que valem 960 réis, ou três patacas brasileiras.
Vilas, estradas, disposições administrativas.
Em
1810 é o tratado de comércio de 19 de fevereiro, proveitoso à Inglaterra e até
com reduções de soberania: o Brasil nada lucra e Portugal é sacrificado.
Prometeu-se que a Inquisição não seria estabelecida no Brasil e os Protestantes
conseguiram templos sem sinos. Isenção de décima urbana por vinte anos, aos
construtores de casas nobres e, de dez, aos de casas de um andar, no Rio.
Mandou-se explorar o Tapajós, o Madeira, o Xingu, o Arinos, e facilitou-se a
navegação dos rios centrais e afluentes do Amazonas. Com os livros de El-Rei, a
livraria da Ajuda, funda-se a Biblioteca Real, ainda hoje a que temos, a
Nacional.
Uma
cláusula do tratado de comércio obrigava à abolição gradual do tráfico de
escravos africanos. Em 12, os Ingleses aprisionam grande número de barcos
negreiros. Na Bahia há protesto, acusando os favorecidos ingleses de
pretenderem a ruína da Colônia: só em 15, virão 300.000 libras de
indenização, do Gabinete britânico, às depredações de Marinha inglesa. Em 13 o
Governo acoroçoa a vinda de imigração, de ilhéus dos Açores. Estradas, correios
regulares, navegação interior, concessões aos mineradores de ouro, providências
humanitárias sobre o tráfico negreiro.
Em
14, é a vitória dos aliados contra Napoleão. Luiz XVIII é rei amigo: os Franceses
aprendem de novo o caminho do Brasil, agora negociantes, capelistas, (as
modistas e confecções de então), hoteleiros, livreiros, impressores. Em 15, no
Congresso de Viena, Portugal tem de restituir Caiena, com os limites do tratado
de Utrecht. Os Ingleses, que já não precisam de Portugal, revogam o tratado de
aliança, e aplicam-se, humanitariamente, a impedir o tráfico e a arruinar o
Brasil; tudo, porém, se recompõe em Viena. Obras e logradouros públicos no Rio,
Bahia, Recife, Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves: meia
independência...
Contrato
de Missão Artística Francesa em 16, para fundação da Escola de Belas Artes.
Morre a rainha louca D. Maria I; o príncipe regente é então Dom João VI, rei do
Reino Unido. Nesse ano há novo ato da guerra do sul. Com a guerra entre Espanha
e Portugal, em 1801, os portugueses no sul do Brasil repeliram os Espanhóis da
fronteira e conquistaram os Sete Povos das Missões, pondo os adversários para
além do Uruguai. Tinham capitulado em Serro Largo, mas, à morte do general
brasileiro Veiga Cabral, tomaram de novo a ofensiva, recuperaram Serro Largo e
iam apoderar-se do Rio Grande, quando ocorreu a notícia da paz de Badajós.
Rapidamente progridem esses domínios, em vantagens materiais, e se alguns
reconheciam o governo de Fernando VII, outros sonharam com a independência,
antes que submeter-se às humilhações de Napoleão, em Espanha. Foi quando D.
Carlota Joaquina, mulher do Príncipe Dom João, e filha mais velha de Carlos IV,
pensou em formar uma nova monarquia, dos Estados do Prata, para si. O irmão,
Fernando VII, estando prisioneiro em França, achou que era de seu direito
intervir, dirigindo cartas e proclamações, a México, Rio da Prata, Chile. O
príncipe, seu esposo, de quem vivia separada, era estranho a tudo isso, que
aliás só serviu para apressar a agitação de independência das Colônias
espanholas. No caso do Uruguai ajudou a Inglaterra, preferindo a independência,
conseguindo o Embaixador inglês no Rio a retirada do Exército Português, da
Banda Oriental do Uruguai, a 26 de maio de 12. Começara a independência dos
outros estados espanhóis do Vice-Reinado. Foi então que Dom João VI resolveu
estender sua fronteira ao Rio da Prata. As tropas ao mando do Marquês de
Alegrete, capitão-general do Rio Grande, do general Carlos Frederico Lecor, do
tenente-general Curado, do tenente-coronel Abreu, venceram os neoespanhóis em
São Borja, São Gabriel, Carumbé, Catalão, invadiram Entrerios, entraram em
Montevidéu, ocuparam a Colônia do Sacramento... Em 20, depois de Taquarembó, desfeito
Artigas, será o convênio e, por acordo em 21, a Banda Oriental é
incorporada ao Brasil, com o nome de “Província Cisplatina”. Não ficará nisso.
Em
17, é Pernambuco que se levanta: as rebeldias andam pela América do Sul. Uma
ordem do dia de Caetano Pinto de Miranda Montenegro, depois Marquês da Praia
Grande, capitão-general, mostra preferência por oficiais portugueses, e estes
vêm a prender oficiais brasileiros; José de Barros Lima, o Leão Coroado, matara o
brigadeiro Manuel Joaquim Barbosa de Castro; o povo, insurgido, solta os presos
e obriga o capitão-general a retirar-se para o Rio, onde é detido na Ilha das
Cobras. Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, aderem à sublevação, que se
constitui em governo provisório. Tropas legais acorrem, do Rio e da Bahia, e,
bloqueado o Recife, são derrotados os insurrectos. Domingos Teotônio Jorge,
proclamado ditador, fugiu, mas as tropas entram no Recife, mandando o novo
capitão-general, Luiz Barreto, executar sumariamente os cabecilhas. Dom João,
para impedir a justiça sumária, ordena que se institua alçada para julgamento,
e concede, finalmente, a anistia, a 6 de fevereiro de 1818, data da sua
coroação. Haviam perecido os chefes: Domingos Teotônio Jorge, José de Barros
Lima, Antônio José Henrique e o Pe. Pedro de Sousa Tenório, enforcados, em
Pernambuco; Domingos José Martins, José Luiz de Mendonça, o Pe. Miguel Joaquim
de Almeida Castro e o Pe. José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma, também
supliciados, na Bahia.
Mortos
os antigos ministros e por último o Conde da Barca, Antônio de Araújo de
Azevedo, foram feitos novos: João Paulo Bezerra, para o Erário; o Conde dos
Arcos, para a Marinha e Ultramar; e Tomaz Antônio de Vila Nova Portugal para os
Negócios do Reino. Chega a Arquiduquesa D. Leopoldina, para consorte do
Príncipe Dom Pedro, o herdeiro do Reino Unido. Chegam sábios austríacos, Mikau,
de Praga, botânico e entomólogo; Pohl, mineralogista; Natterer, zoólogo; Ender,
pintor paisagista; Buchberger, pintor botânico; Schott, horticultor,
principalmente os bávaros Von Spix, zoólogo e Von Martius, botânico, este
também etnógrafo, linguista, dos maiores que têm merecido nosso respeito e
gratidão: a Flora
Brasiliensis é um monumento
científico. Uma convenção passada entre Portugal e Inglaterra limita o tráfico
de escravos das possessões africanas à possessão americana. Descobriu-se um
caminho novo para Minas, pela Bahia, perto de Canavieiras, Rio Pardo, Rio da
Salsa, Jequitinhonha, Salto Grande, Minas, sendo a zona limpa dos Botocudos,
que a infestavam. Funda-se a fábrica de ferro de Ipanema, devida ao
tenente-coronel Frederico Luiz Guilherme Varnhagen, o pai do historiador.
Um
censo imperfeito de 1818 atribui-nos 3.617.900 habitantes, dos quais 1.930.000
seriam escravos; os negros eram 1.887.500, os mestiços 628.000 e os índios
domesticados 259.400.
Em
1820, é a revolução em Portugal contra a dominação inglesa e a permanência da
Corte no Brasil. Depõe-se a regência e arranja-se uma Constituição, à moda da
espanhola: do Porto os Constitucionais ganham Lisboa. Logo, no Brasil,
repercussões: em Belém do Pará e na Bahia, juntas governativas que expulsam os
representantes do governo. Dom João VI toma várias medidas paliativas e aprova,
em 24 de fevereiro de 21, a
futura Constituição de Portugal e domínios, demitindo o ministério e nomeando
outro mais popular. Os príncipes, inclusive D. Miguel, o futuro rei
absolutista, juram essa Constituição, a redigir e votar em Portugal, pelas
Cortes. A autoridade sai do paço... Afinal Dom João VI resolve partir, deixando
Dom Pedro, o príncipe herdeiro, a governar o Brasil.
A
24 de abril embarcou, com saudades, confessando ter aqui vivido os mais felizes
anos de sua vida; a rainha D. Carlota Joaquina, no Cais do Faroux, tirava as
sandálias dos pés e sacudia-as, para nem o pó levar; a 26 a Corte partiu, com o
soberano, rumo a Portugal. Em pouco mais de treze anos tinha feito a maioridade
do Brasil. Portugal, dominado pelo estrangeiro, passara a não contar quase para
a monarquia, cuja metrópole era o Brasil. Depois, apenas contava com dinheiro,
que de lá recebiam os fidalgos e as tropas. Para aqui transplantara uma corte,
uma cultura, uma civilização, enxerto europeu, em terras da América. O ato da
vinda foi executado com acerto: a Espanha impediu o soberano de partir para o
México: seria aí recebido como Dom João? Isto permitiu começar, de Portugal, a
restauração da Europa contra Napoleão. Na Europa tinha bastante prestígio para
conseguir para o filho uma arquiduquesa de Áustria, irmã de Maria Luíza, a que
cobiçara esse Napoleão. Aqui, fez a maioridade da colônia em nação, dotando-a
de toda a complexa máquina administrativa de governo e de todos os órgãos
culturais da civilização. Tomou posse do país e com as leis idôneas ao Brasil, aqui e não de lá, permitiu a
fermentação apressada da vida, que faz suprir o tempo. Foi uma experiência de
governo autônomo a que nos deu. Na realidade a nossa independência data de
1808. Quase tudo o que temos foi o que nos concedeu o seu governo, liberal,
tolerante, adaptado ao grande território que lhe proporcionou a fortuna.
Isso
fez, ou deixou fazer, e disso teve consciência; ao filho disse, à despedida: O Brasil brevemente se separará de Portugal;
se assim for, põe a coroa sobre tua cabeça, antes que algum aventureiro lance
mão dela. Com isto, esse conselho e este príncipe, permitiu que o imenso
país continuasse unido como não aconteceu ao domínio espanhol, repartido em
vinte e tantas nações das três Américas, norte, centro e sul. Calculou Oliveira
Martins em 200 milhões de cruzados o valor dos bens que trouxe Dom João VI,
poupando ao saque dos Franceses o que pôde, e que deixou no Brasil...
Simbolicamente, basta, para atestá-lo, a Biblioteca Nacional. Uma das causas do agravamento da crise
econômica em que Portugal se debateu durante a estadia da Corte no Rio de
Janeiro era a que derivava das constantes remessas de numerário, para o Rei e
Fidalgos que o acompanharam ao Brasil, e ali gastavam o produto de suas rendas
(Francisco Antônio Correa, História Econômica de Portugal). Entre o que trouxe e o que levou Dom João
VI, o saldo é considerável, e foi a favor do Brasil, conclui Simonsen.
Isto, bens materiais, pessoais; o bem público, material e moral, que ficou, é
incalculável. Achou uma colônia: deixou uma nação. Fez, repito, ou deixou
fazer, ou não se opôs a que fizessem; os nossos atos são dos outros: os destes
foram bons; é o seu mérito. É, assim, Portugal que nos prepara a autonomia.
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