José Martiniano de Alencar nasceu em
Mecejana, no Ceará, a 1 de maio de 1829 e morreu no Rio de Janeiro a 12 de dezembro
de 1877. Era filho do senador de igual nome, que se celebrizou na revolução
pernambucana de 1817, e de D. Ana José de Alencar. Estudou no Rio, em São Paulo
e Olinda, tendo-se formado em São Paulo em 1850. Advogado, professor de Direito
Mercantil, diretor de Seção na Secretaria da Justiça, consultor dos negócios da
Justiça, foi deputado pelo Ceará nas legislaturas de 1861, 1863, 1869 a 1875,
1876 e 1877 e ministro da Justiça de 16 de julho de 1868 a 10 de janeiro de
1870.
É vasta a sua obra literária. As suas
primeiras produções foram no jornalismo e no teatro, como as “Cartas de Ig”, os
artigos do “Correio Mercantil”, “Diário do Rio”, etc., as peças “Verso e
reverso”, “Demônio Familiar”, Asas de um anjo”, “Expiação” “O Crédito”, “A flor
agreste”, “O jesuíta” e “Mãe”.
Depois de ter produzido a novela
“Cinco Minutos” e “Viuvinha”, escreveu “Lucíola” (1862), “As minas de prata”
(1862-1865), “Diva” (1863), “Iracema” (1865), "O Gaúcho" (1870),
“Pata da Gazela” (1870), “O tronco de ipê” (1871), “Til” (1872), “Sonhos de
ouro” (1873), “Alfarrábios” (1873) “Guerra dos Mascates” (1873), “O Sertanejo”
(1875), “Senhora” (1875), “Encarnação” (1877), “Ubirajara”, etc...
“Guarani” é a obra prima de José de
Alencar. Foi uma surpresa e uma revelação. Traduzido em italiano, chegou às
mãos de Carlos Gomes, então na Itália, e daí nasceu o motivo da célebre obra
que imortalizou grande maestro
campineiro.
Ninguém definiu melhor José de Alencar
que Machado de Assis no discurso inaugural do assentamento da estátua de Alencar.
A palavra prestigiosa de Machado de Assis consagrou José de Alencar como o
criador da literatura brasileira e traçou-lhe nas linhas principais a figura literária.
“Podemos dizer que ele saiu da
academia para a celebridade, escreveu Machado de Assis. Quem o lê agora, em
dias e horas de escolha, e nos livros que mais lhe aprazem, não tem ideia da
fecundidade extraordinária que revelou tão depressa entrou na vida. Desde logo pôs
mãos à crônica, ao romance, à crítica e ao teatro, dando a todas essas formas
do pensamento um cunho particular e desconhecido. No romance, que foi a sua forma
excelência, a primeira narrativa, curta e simples, mal se espaçou da segunda e
da terceira. Em três saltos estava o “Guarani” diante de nós; e daí vem a obsessão
crescente de força, de esplendor, de variedade. O espírito de Alencar percorreu as diversas
partes da nossa terra, o norte e o sul, a cidade e o sertão, a mata e o pampa,
fixando-as em suas páginas, compondo assim com as diferenças da vida, das zonas
e dos tempos a unidade nacional da sua obra...”
Pode-se afirmar sem sombras de
incertezas, que nenhum escritor brasileiro teve em mais alto grau a alma brasileira.
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Revista "Nação Brasileira", fevereiro
de 1933.
Pesquisa
e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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