9/15/2019

Machado de Assis, o imortal (Resenha)



Machado de Assis, o imortal

Machado de Assis foi incontestavelmente um dos maiores poetas brasileiros e o escritor mais perfeito, que até aqui existiu nesse imenso país!

Pobre, como a maioria dos talentosos, filho de um humilde pintor, Machado de Assis desde cedo demonstrou amor às letras, pois, paupérrimo como era, trabalhando para o seu próprio sustento numa pequena tipografia do Rio de Janeiro, nos rápidos momentos de folga ocupava-se em ler, ao mesmo tempo que rabiscava os seus versos para a "A Marmota", de Paula Brito.

Narrar a vida do consagrado autor de "Helena" é incentivar os jovens a não desanimar nos primeiros contatos com as dificuldades, pois esta é sempre subjugada pela perseverança e audácia! Foi o que se deu com Machado, no início de sua brilhante carreira. Foi na obscuridade de uma oficina de jornal, lutando com a adversidade da sorte, que ele começou... Foi vítima de ironias dos seus próprios companheiros, que procuravam desestimulá-lo. Mas, a tudo dedicando a sua indiferença, vivendo para o seu trabalho honesto e dignificante, com grande surpresa, Machado foi chamado certa vez ao gabinete de seu chefe. O mestre da oficina tinha-se queixado do seu trabalho, que era pouco e quase nada rendia.

Na presença de seu chefe Machado baixou os olhos, pensativo... Um pouco de ânimo assomou em seu peito e resolveu narrar o que vinha acontecendo... Tinha amor ao estudo, mas não podia estudar, razão por que perdia algumas horas de serviço em ler tudo o que se deparava aos olhos... Ao ouvir a sua longa e triste narrativa, o seu chefe, Manuel Antônio de Almeida, diretor da Imprensa naquela época, fitou-o serenamente, mandando-o novamente para a oficina, onde ele continuou a trabalhar. Três anos depois, de simples tipógrafo era promovido a revisor de provas da imprensa oficial, quando em 1860, Quintino Bocaiuva, fundando o "Diário do Rio", convidou-o a fazer parte do seu corpo editorial, o que Machado aceitou de pronto... Seria um campo mais vasto, pensou ele, para desenvolver os seus cintilantes planos literários. Dedicou também uma parte do seu esforço ao teatro, tendo escrito com sucesso diversas peças. Foi um incansável batalhador das nossas letras, tendo sido um dos membros fundadores da Academia de Letras, ocupando por longo tempo e com raro brilho uma de suas poltronas gloriosas.

Carlos de Laet, um dos nossos mais eminentes filólogos, hoje falecido, organizando a "Antologia Nacional", colheu o mais belo soneto de Machado de Assis, denominado “Carolina", juntando-o aos demais trabalhos de autores célebres como eterna recordação para os jovens estudiosos da posteridade, os quais terão no imortal escritor de "Dom Casmurro", o espírito mais aperfeiçoado da nossa literatura em todos os tempos!

EDWALDO CALMON
Vida Capixaba, 30 de maio de 1939.
Pesquisa e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)

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