Machado
de Assis, o imortal
Machado de Assis foi incontestavelmente
um dos maiores poetas brasileiros e o escritor mais perfeito, que até aqui
existiu nesse imenso país!
Pobre, como a maioria
dos talentosos, filho de um humilde pintor, Machado de Assis desde cedo
demonstrou amor às letras, pois, paupérrimo como era, trabalhando para o seu próprio
sustento numa pequena tipografia do Rio de Janeiro, nos rápidos momentos de
folga ocupava-se em ler, ao mesmo tempo que rabiscava os seus versos para a "A
Marmota", de Paula Brito.
Narrar a vida do
consagrado autor de "Helena" é incentivar os jovens a não desanimar
nos primeiros contatos com as dificuldades, pois esta é sempre subjugada pela
perseverança e audácia! Foi o que se deu com Machado, no início de sua brilhante
carreira. Foi na obscuridade de uma oficina de jornal, lutando com a adversidade
da sorte, que ele começou... Foi vítima de ironias dos seus próprios
companheiros, que procuravam desestimulá-lo. Mas, a tudo dedicando a sua indiferença,
vivendo para o seu trabalho honesto e dignificante, com grande surpresa,
Machado foi chamado certa vez ao gabinete de seu chefe. O mestre da oficina
tinha-se queixado do seu trabalho, que era pouco e quase nada rendia.
Na presença de seu
chefe Machado baixou os olhos, pensativo... Um pouco de ânimo assomou em seu
peito e resolveu narrar o que vinha acontecendo... Tinha amor ao estudo, mas
não podia estudar, razão por que perdia algumas horas de serviço em ler tudo o
que se deparava aos olhos... Ao ouvir a sua longa e triste narrativa, o seu
chefe, Manuel Antônio de Almeida, diretor da Imprensa naquela época, fitou-o
serenamente, mandando-o novamente para a oficina, onde ele continuou a
trabalhar. Três anos depois, de simples tipógrafo era promovido a revisor de provas
da imprensa oficial, quando em 1860, Quintino Bocaiuva, fundando o "Diário
do Rio", convidou-o a fazer parte do seu corpo editorial, o que Machado aceitou
de pronto... Seria um campo mais vasto, pensou ele, para desenvolver os seus cintilantes
planos literários. Dedicou também uma parte do seu esforço ao teatro, tendo
escrito com sucesso diversas peças. Foi um incansável batalhador das nossas
letras, tendo sido um dos membros fundadores da Academia de Letras, ocupando
por longo tempo e com raro brilho uma de suas poltronas gloriosas.
Carlos de Laet, um
dos nossos mais eminentes filólogos, hoje falecido, organizando a
"Antologia Nacional", colheu o mais belo soneto de Machado de Assis,
denominado “Carolina", juntando-o aos demais trabalhos de autores célebres
como eterna recordação para os jovens estudiosos da posteridade, os quais terão
no imortal escritor de "Dom Casmurro", o espírito mais aperfeiçoado
da nossa literatura em todos os tempos!
EDWALDO CALMON
Vida Capixaba, 30 de maio de 1939.
Pesquisa e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
Vida Capixaba, 30 de maio de 1939.
Pesquisa e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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