Considerações sobre Pero de Magalhães de Gandavo
Pedro (ou Pero) de Magalhães de
Gandavo era português, nascido em Braga. Consta ter sido grande latinista.
Professor da língua latina em Entre Douro e Minho. Foi amigo pessoal de Camões.
Residia no Brasil durante
alguns anos, e colheu pessoalmente as informações que havia de pôr em seu
famoso livro “Tratado da Terra do Brasil e a História da Província de Santa
Cruz”.
Ignoram-se as datas de seu
nascimento e de seu falecimento.
Ingênuo e religioso, o bom Gandavo
esta propenso a ver em tudo determinação de Deus. E, o que é melhor, uma
determinação de Deus favorável aos portugueses, talvez pudéssemos dizer sempre
favorável também a Pedro de Magalhães de Gandavo. Os índios são muitos? São,
mas Deus fez com que eles se mantivessem em permanente guerra, "por que se
assim não fosse os portugueses não poderiam viver na terra, nem seria possível
conquistar tamanho poder de gente..."
Sempre assim, nas menores
coisas, uma interferência favorável da Divina Providência! Ate nas bananas,
pois elas têm "dentro em si uma coisa estranha, a qual é que quando a
cortam pelo meio com uma faca ou por qualquer parte que seja, acha-se nelas um
sinal à maneira de Crucifixo, e assim totalmente o parecem...”
Entretanto, possuiu ele o seu
senso de geógrafo, o seu instinto de naturalista, como o mostra, por exemplo,
na descrição da vida dos índios. E, contudo, ainda aqui, tem observações de
extrema ingenuidade, como aquela que se tornou famosa: "A língua deste gentio
toda pela Costa uma: carece de três letras — não se acha nela F, nem L, nem R,
coisa digna de espanto, porque assim não tem fé, nem lei, nem rei: e desta
maneira vivem sem justiça e desordenadamente”.
Sejam, porém, quais forem as
limitações, as insuficiências e os erros de Gandavo, tem ele um mérito especial
aos nossos olhos: o de ter sido o primeiro autor que publicou um livro em
português acerca do nosso país.
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Revista "Autores & Livros", 29 de agosto de 1948.
Revista "Autores & Livros", 29 de agosto de 1948.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
Não se confirma que Gândavo esteve, de fato, no Brasil...
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