9/29/2019

Confiteor (Análise)



Confiteor

Reli, há poucos dias, numa tarde de chuva e de frio, para a enlevação do meu espírito, o último livro Paulo Setúbal.

Confiteor, como bem depreende-se de próprio título, contém narradas, em linguagem singela mas persuasiva, em estilo simples mas bonito, as revelações, as mais íntimas possíveis, de um homem de valor em caminho da morte.

Tem a enriquecer-lhe ainda o prefácio e o complemento da palavra do saudoso e conhecido padre Leonel Franca, o notável e brilhante filósofo católico.

Os que gostam de literatura histórica, por certo, não desconhecem a imaginação fértil e poderosa, uma das mais ricas e coloridas de todos os tempos, de que era dotado o grande escritor brasileiro.

Deixou, apesar de ter falecido bastante moço, vítima de insidiosa enfermidade, um conjunto valioso de obras, e tão meritórias que lhe concederam o direito de ingressar no recinto augusto da Academia Brasileira de Letras.

O seu diploma de glórias foi conquistado com justiça e recebido com simpatia, sob os aplausos vibrantes de seus confrades e a alegria em geral de seus patrícios.

Destacam-se, entre outras, pela importância do assunto e pelo vigor do estilo, sendo traduzidas em língua estrangeira, as seguintes obras de sua autoria: A Marquesa de Santos, o Príncipe de Nassau, Bandeira de Fernão Dias e As Maluquices do Imperador.

Eis em rápido escorço biográfico, o romancista magnífico e ilustre, que a morte colheu em seus braços, tão prematuramente, na inesquecível e radiante madrugada do dia 4 de maio de 1937.

Não permitiu, porém, a Providência que Paulo Setúbal dormisse eternamente no seio de sua terra natal, sem encontrar-se, antes, na estrada escabrosa da vida com a figura meiga e encantadora de Jesus Cristo.

Sentiu, no seu leito de sofrimentos, onde estava preso por um mal sem cura, a claridade divina, indicando-lhe a justiça e a felicidade, a única solução de seu verdadeiro destino.

Por isso, Confiteor, a obra póstuma de Paulo Setúbal, deve ser lida e meditada por todos, principalmente, pelos desesperados por serem incrédulos, pelos desiludidos por serem pessimistas, pelos desanimados por serem enfermos...


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TEÓFILO TERRA LOPES
"Pioneiro", 16 de maio de 1951.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)

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