Reli,
há poucos dias, numa tarde de chuva e de frio, para a enlevação do meu espírito,
o último livro Paulo Setúbal.
Confiteor, como bem depreende-se de próprio título, contém
narradas, em linguagem singela mas persuasiva, em estilo simples mas bonito, as
revelações, as mais íntimas possíveis, de um homem de valor em caminho da
morte.
Tem
a enriquecer-lhe ainda o prefácio e o complemento da palavra do saudoso e
conhecido padre Leonel Franca, o notável e brilhante filósofo católico.
Os
que gostam de literatura histórica, por certo, não desconhecem a imaginação fértil
e poderosa, uma das mais ricas e coloridas de todos os tempos, de que era
dotado o grande escritor brasileiro.
Deixou,
apesar de ter falecido bastante moço, vítima de insidiosa enfermidade, um
conjunto valioso de obras, e tão meritórias que lhe concederam o direito de
ingressar no recinto augusto da Academia Brasileira de Letras.
O
seu diploma de glórias foi conquistado com justiça e recebido com simpatia, sob
os aplausos vibrantes de seus confrades e a alegria em geral de seus patrícios.
Destacam-se,
entre outras, pela importância do assunto e pelo vigor do estilo, sendo
traduzidas em língua estrangeira, as seguintes obras de sua autoria: A Marquesa de Santos, o Príncipe de Nassau,
Bandeira de Fernão Dias e As
Maluquices do Imperador.
Eis
em rápido escorço biográfico, o romancista magnífico e ilustre, que a morte
colheu em seus braços, tão prematuramente, na inesquecível e radiante madrugada
do dia 4 de maio de 1937.
Não
permitiu, porém, a Providência que Paulo Setúbal dormisse eternamente no seio
de sua terra natal, sem encontrar-se, antes, na estrada escabrosa da vida com a
figura meiga e encantadora de Jesus Cristo.
Sentiu,
no seu leito de sofrimentos, onde estava preso por um mal sem cura, a claridade
divina, indicando-lhe a justiça e a felicidade, a única solução de seu
verdadeiro destino.
Por
isso, Confiteor, a obra póstuma de
Paulo Setúbal, deve ser lida e meditada por todos, principalmente, pelos
desesperados por serem incrédulos, pelos desiludidos por serem pessimistas,
pelos desanimados por serem enfermos...
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TEÓFILO TERRA LOPES
"Pioneiro", 16 de maio de
1951.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba
Mendes (2019)
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