Mademoiselle Blanche Durand é sobrinha do mais rico perfumista da rua Bonaparte, na Ilha de Nossa Senhora de Guadalupe. Seu "bangalô" tem uma varanda que dá para o mar.
No "bangalô" de mademoiselle
Durand há uma vitrola de Broadway, uma mesinha redonda de pés torcidos, onde
estão os caramujos mandados por suas primas da ilha de Maria-Galante, uma
flauta para as digestões de mr. Durand e uma estante para os romances de Delly.
Mademoiselle Durand, da sua rede, entre as mangueiras e os castanheiros, olha,
de quando em quando, para o grande portão de madeira do fundo do jardim.
Mademoiselle Durand espera o correio de
Paris.
Calor!
Misturam-se, na folhagem morna, azuis de araras, amarelos de tucanos.
Silêncio... silêncio...
Dentro da rede clara, mademoiselle Durand é toda a sesta lasciva das Antilhas.
Mademoiselle Durand mostra, no estojo das gengivas roxas, os
dentinhos pontudos como pontinhos de luz.
Sonha com as modas de Paris.
A rede não se mexe
E a sua mãozinha chata, pendente de um montão de rendas, parece a
cabeça de uma cobra negra, espiando a sombra quieta dos coqueiros sobre o chão.
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Pesquisa e adequação ortográfica: Iba
Mendes (2019)
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