(A Eduardo
de Maia Cardoso)
Desvairada, a ministra da Esclavônia perseguia sir Arnold Davis, que, de
sala para sala, passava em revista as senhoras em toilettes de baile. Ia-lhe na peugada, metia-se pelos corredores,
apressadamente, para cruzar-se com ele, receber um olhar, fazê-lo parar,
prendê-lo no vão de uma janela, onde os seus olhos pareciam tomar de assalto o
rosto glabro de sir Arnold, mordia a boca fortemente carminada, como para reter
os beijos, que queriam sair.
As suas mãos magras e longas, as mãos que têm as doadoras e as santas
nos quadros góticos, tremiam ao apertar as de sir Arnold onde opalas
desmaiavam, maléficas e misteriosas.
Carlota von Hameghen não via o baile, não se rodeava, como de costume,
de políticos e diplomatas, a sondá-los, a irritá-los, alumeuse internacional
à cata de segredos, para vender a todas as chancelarias que pagassem, generosas
e discretas.
A condessa Carlota von Hameghen, mulher do ministro de Esclavônia, era
quase fiel ao marido. Apenas grande necessidade, um aperto de dinheiro, um
segredo muito importante, que só se confia nas horas de completo aniquilamento,
depois dos beijos, é que a faziam esquecer o marido, ainda novo, que trepara na
"Carreira" empurrado pela mulher, apesar de morfinômano e um pouco
imbecil. Fora disto, esposa exemplar. Espírito de honestidade? Não:
impassibilidade; a cirurgia, com uma operação dolorosa, em Londres, tirara-lhe
o vigor da sensação. Vivia para a ambição, uma vida farta, proporcionada pelos
cheques de varias embaixadas e legações, menos a de Esclavônia que pagava pouco
e, por complicações de finanças internas, a más horas.
Alguns diplomatas, ao fato do temperamento da condessa, estranhavam
aquele assalto insistente ao moço inglês, alheio aos segredos das chancelarias,
pouco rico para a condessa, servedouro de milhões.
O ministro da Dinamarca, ajeitando, como de costume a única farripa de
cabelo que lhe guarnecia o crânio rubro:
— Há de ser uma desforra! Sir Arnold vingar-nos-á...
— Não há de levar a melhor...
— Aposto! Não sabem a força de sir Arnold. Conheço-o muito bem.
— A Hameghen é uma fortaleza inexpugnável.
— Praça sitiada, praça tomada...
— Mas quem sitia é a condessa!...
— Estão enganados. Com o ar de quem se defende, sir Arnold ataca
vigorosamente. Conheço-lhe a tática. É toda de sapa. Minas e cominas. O campo
parece tranquilo e mil picaretes abrem galerias. É de primeira força! Praça a
saque, daqui a duas semanas, o Maximo.
— Não seja como Port-Arthur que todos os dias é tomado...
— Verão. Vai custar à condessa, coisa de um milhão. Sir Arnold lança
pesadas contribuições de guerra.
— Que país pagará?
— Mr. Alphonse?
Il faut vivre. Il n'y a pas de sot metier. A Mariam Ringen...
— Aquela judia fanhosa?
— Sim. E que tinha seis dedos em cada pé... Gastou mais de dez mil
libras em três meses.
— É antissemita. É bien né, o ser-se antissemita! O começo
da liquidação... E depois, doze dedos. Parecia-lhe menos.
— Contava muito depressa... 12 de cada vez...
— Se é que contava pelos pés!
— Sir Arnold interessa-me. Tenho-o examinado, na batalha. É impassível.
Nunca procura primeiro uma mulher. Aquele belo corpo de Apolo adrescente
fascina. Os olhos claros, misteriosos, desequilibram os nervos das nossas
mulheres. E as opalas cheias de malefícios, que para ele são porte-bonheur,
dão um quebranto mágico. A terrível fama de que tão justamente goza e o precede
como uma tenebrosa arauto faz-lhe um halo. Luz do inferno, que importa? É uma
aureola. Se não tivesse motivos para ter um tal nome, caluniar-se-ia. É capaz
de tudo, até de uma boa ação... que o não prejudique. Não faz o mal por arte.
Para fazer o mal por princípio é necessário afirmar. Sir Arnold nada afirma nem
nega. Negar é, de alguma forma, afirmar. E isso é um esforço que ele se não
permite. Se quisesse ser diplomata, estaria hoje embaixador, membro do Tribunal
da Haia, ministro dos negócios estrangeiros. Encaminharia a política inglesa
com menos soberba que Salisbury e mais firmeza que Lansdowne, sem a literatura,
o romantismo de Rosebery. Nos tempos da vadiagem diplomática, dos verdadeiros
plenipotenciários — hoje os nossos plenos poderes ficam na secretaria, que
no-los vai mandando por conta e pelo telegrafo — nesse tempo, talharia um
império para o soberano que o empregasse. Não, para si. Sir Arnold é um egoísta
formidável. Julga-se o centro do Universo. Nihil humani
a me alienum puto. Nada do que pertence ao homem lhe é alheio, isto é tem
direitos sobre tudo, traduz ele. Não tem outra moral.
Nietzsche estabeleceu os princípios que nele eram instinto. Cuido que
nunca se deu ao trabalho de ler um só volume do discípulo de Stirner...
A conversa não interessava já. O dinamarquês tinha um pouco a mania
oratória. O grupo dispersou-se, pelas salas, onde os pares deslizavam ao som de
uma valsa da moda, langorosa e mórbida... Fiquei com ele. Fomo-nos dirigindo
para a estufa. O ministro continuou:
— Gosto de sir Arnold... pelo lado cientifico, como filósofo. É um
poderoso dissolvente. Todas as dissoluções apressam a evolução. Davis é um
força social.
— Na boca de um ministro de um país monárquico, essas palavras são
imprevistas, sorri-me.
— Tenho uma opinião como diplomata e outra como filósofo. Como
diplomata, sou conservador, como filósofo, anarquista... mas anarquista com
palácios, festas, condecorações... Quando quero pensar como diplomata, visto a
farda, ponho duas grã-cruzes, uma para cada lado — tenho a Coroa da Prússia — e
todas as placas. Quando me decido a pensar como filósofo, colo umas barbas
postiças, fico em robe-de-chambre. Defronte da minha
psiquê império, dou-me a ideia de uma Diógenes limpo. O mais usual, porém,
é não pensar... Estou dispéptico: o pensamento é terrível para nós. Isto não
impede que lhe conte um episódio da vida de Davis. Simpatizo com ele, dou-me
até com ele. Conheci-o em Aix-les-Bains há seis ou sete anos. Estávamos no mesmo
hotel. Os nossos aposentos eram seguidos. A sacada era a mesma. Conversávamos
muito. Venha para aqui.
Fomos para um canto isolado da estufa onde agonizavam, minadas por um
mal estranho, orquídeas esverdeadas. Nasciam chagas nas suas pétalas recurvas,
torcidas, listradas de vergões, varioladas. Sentamo-nos num sofá. O ministro
ofereceu-me um cigarro de Nestor Gianaclis, perfumado e adormecedor. Escutei-o.
— Como lhe disse, sir Arnold é um egoísta. Quer aumentar o poder, para
empregar a formula de Nietzsche. Desenvolve energicamente a personalidade,
segundo ou contra a moral, é-lhe indiferente, torneando os preceitos dos
códigos penais e os usos sociais, de maneira a se lhe não fecharem os palcos
onde se exibe, os salões cosmopolitas, mais fáceis e, sobretudo, mais
indulgentes. Ele não diz como o poeta: "je porte fiérement la honte d'etre
beau"; não, para Davis não é uma vergonha, pelo contrario, trata de fazer
valer, por toilettes e atitudes
longamente estudadas, por meios artificiais, a sua beleza clara, loira, a que
os olhos transparentes dão um encanto misterioso, uma sedução que empolga,
fascina, arrasta os pobres mulheres que desmaiam, sucumbem, diante desse Apolo
adolescente e terno, cuja força se adivinha apenas nas mãos, de dedos firmes,
de pele, apesar dos cosméticos, um pouco áspera. Viu-o bem? Reparou em como
todo o seu corpo harmonioso de atleta toma atitudes cansadas, como os seus
olhos pareciam dissolver-se, ao olhar para a pequena Von Hameghen e a sua boca
de lábios finos e imberbes, se contraíam para o espasmo de um beijo? Há sete
anos era o mesmo. Parece que para ele o mundo e os dias se conservam imóveis.
Dir-se-ia que essa adolescência se guarda no gelo. Que pacto teria feito este
homem com o demônio?
— Talvez o mesmo que Dorian Grey...
— Bah! Dorian Grei matou Basil... Julga que será Sargent, realista,
amando a força concentrada e não a beleza, quem fará o novo retrato mágico! Ou
Lazló?
Já não há Basil. Talvez em Espanha... Sorola ou Zuloaga... Mas os
espanhóis são naturalistas e republicanos. Veja Ibañez... A
"Catedral" líquida em artigo de fundo.
— E Davis? atalhei, pondo um dique à divagação abundante.
O ministro sorriu-se. Certamente que se lembrou do epigrama de Marcial.
— Ah, sim! Davis e Aix-les-Bains. Estou prolixo como o bom Tito
Lívio. Entro em matéria.
Ali, no canto da estufa, abaixando a voz quando alguém se aproximava,
para o afastar, o dinamarquês contou:
— Estava no "Splendide" lady Hanswel, que depois de tratar do
reumatismo, com massagens e duchas, chorava poeticamente, pelas alturas
vicejantes do Bourget, os dez anos de casamento feliz com lord Vivian Hanswel
esse extraordinário homem, misto de Herói, de Poeta e de doido, que, começando
por fazer odes estranhas aos venenos, aos assassínios e às traições, acabara em
Middlefontain, voluntario da Rainha, o primeiro na escalada de uma colina, o
monóculo entalado no olho, um livro de versos na algibeira do cáqui enlameado e
a cartucheira já vazia, de tantos tiros dados friamente, como nas suas coutadas
férteis da Irlanda.
A viúva amara em seu marido a beleza adolescente, todo aquele ar
gracioso como o de uma mulher, os largos olhos claros, transparentes, como
gotas d'água azul; amara o seu espírito estranho de comedor de ópio, cambiante
e misterioso, deleitando-se na posse de coisas frágeis, de flores que, mal
cortadas se fanam, os cristais finos, as filigranas, as ceras, os linhos que
envolvem, fumos, as múmias egípcias e quase se pulverizam ao tocar-se-lhes, os
leques de rendas; o imprevisto das suas ações sem lógica, que nada faziam
prever, quase sem realidade, como essas árvores que têm um metro de raízes fora
da terra.
Lady Hanswel, já passado o segundo ano de viuvez ainda carpia nas
palavras baixas em que recordava o marido, nos olhos que de tantas lágrimas
regadas eram frescos como fetos nascidos à beira dos regatos, nas toilettes lilás, com que se vestia, foncées de manhã, claras à noite, nas
perolas cinzentas com que se enfeitava, gargantilhas pesadas, colares
múltiplos, caindo sobre o colo, anéis de castães largos, que, à luz, pareciam
cinzas...
Foi sobre ela que Davis se lançou, decidido, acirrado não só pelos seus
dois milhões de libras, mas também pela pele fina, mate, macerada em banhos
prolongados de perfumes, pelos olhos em que brilhava uma volúpia indecisa, a
afogar-se na tristeza, como um reflexo impreciso de estrela num tanque.
— A mulher deve ser como o Champagne: extra dry.
Vi-o nesse cerco, a sitiar a praça, a fazer-se valer, fugindo de lady Hanswel,
de todos, indo pouco ao Grand Cercle e à Vila des Fleurs, tomando, de manhã,
nos Banhos, e à mesa, atitudes de uma tristeza profunda, maníaca, que
interessasse.
Só à noite, quando fumávamos o derradeiro charuto na varanda, sacudia a
mascara e falava-me do desenvolvimento da personalidade, toda a teoria de
Spencer e de Stirner, poetizada e dramatizada por Nietzsche, nele menos
literária, menos filosófica, mas mais sincera, floração inconsciente do seu
Ego, sumula enfim da sua maneira de ser, animal forte, que sabe que a Vida
existe e quer apreender sem esforço, desenvolver-se avidamente, até com
detrimento dos outros.
— É necessário viver a nossa vida, disse-me.
Nessa noite, Davis, que era de uma sobriedade exemplar, por calculo
talvez, para impressionar byronicamente lady Hanswel ou por impulso atávico —
gerações a alascar-se em Port-Wine pesam esmagadoramente — por qualquer motivo,
Davis acompanhou todo o jantar de Cliquot. Saimos juntos, tomamos pelo Boulevard
des Côtes, que vai contornando a montanha e mostrando-nos, em cada curva,
um aspecto novo d'Aix e do campo, aqui a massa de árvores iluminadas dos
parques dos dois cassinos, além a rua de Genéve, apagada e quieta,
mais além as montanhas cujos perfis se recortam docemente no céu enluarado, num
outro cotovelo o lago do Bourget, que parece, na noite clara, de mercúrio incendiado.
Caminhávamos apressados, subindo sempre, até à nascente dessa água choca que os
médicos nos fazem beber de manhã, em jejum.
Sir Arnold falava com fluência:
— Todas as criaturas devem ser, para nós, elementos de desenvolvimento
do poder, utilidades. Extraído delas o que nos pode servir devemos pô-las à
margem. É o que o organismo faz, inconscientemente... Quem sobrecarrega com
sentimentos inúteis o seu coração, apodrece, morre. Devo todo este ensinamento
filosófico, não aos livros, nem às conferências, mas a uma pobre caissière,
Eva Farland, de um pequeno restaurante do Strand onde eu jantava economicamente
nos dias em que não encontrava emprego para o meu mister agradável de pique-assietes.
Ali, por um shelling e meio tinha uma
boa talhada de mutton e uma caneca de cerveja, para
desalterar.
Essa pobre rapariga prendeu-se nos olhos azuis de Davis; prenderam-a
seus braços fortes, a sua boca que ao beijar mordia. E foi para ele como uma
escrava, atenta, paciente, devotada, gastando o seu último penny em futilidades que Davis atirava para o lado, com desdém,
dando-lhe quarto, copiando à noite escritas, para pagar a luz, a lenha, a água,
porque Davis fora viver com ela, por economia — era um período de guigne extraordinária!
— persuadindo-se a pobre Eva que era por amor. Doce e abençoada mentira que a
tornava feliz, dava-lhe coragem para continuar a vida dura, fornecia-lhe a
energia necessária para estar à caixa todo o longo dia, esperar, às vezes, por
ele toda a interminável noite, quando o jogo o segurava com a carícia
áspera das suas mãos de aço; resignar-se às longas ausências, porque Sir
Arnold, em ganhando alguns guineus, reentrava na sociedade, ia jantar ao clube,
frequentava os music-halls nos camarotes do clube,
reencadernava-se, enfim, de gentleman.
Eva era o seu cão, mas cão de cego, útil, chorando às escondidas e
pouco, para não afear o soberbo rosto, não avermelhar os grandes olhos sensuais
e tristes.
Num período mais largo de miséria, não chegando para os dois o salário
da amante, nem as copias, ela punha o chapéu, à noite, e ia pelo Picadilly,
misturando-se aos soldados, a fazer-lhes concorrência, à caça do guineu pondo
em cada sorriso, um soluço.
Davis via-a sofrer, indiferente, achando razoável que por ele outrem
penasse, continuando descuidado, até que um dia a fortuna sorriu-lhe pela boca
desdentada de uma rainha de qualquer coisa na America, porco salgado ou azeite
de foca. Nunca mais soube de Eva, de quem nem sequer se despediu, e que, se não
morreu de dor — o que é pouco provável— teve com certeza uma lancinante crise
de desespero.
Ora essa mulher, que por ele fez todos os sacrifícios, incluindo o do
pudor da amante, considerava-a ele o seu mestre de egoísmo, pois habituara-o a
pensar que o amor pode ser um modo de vida e a beleza estranha e
fascinante suprir as aptidões para a luta pela vida.
Foi a confissão que me fez numa noite de vinho, em que o Cliquot de ouro
levara ao seu coração impassível o desejo de expandir-se.
Não tornamos a falar no assunto, persuadi-me até de que ele não tinha consciência
da própria indiscrição e continuei a examiná-lo no interessante combate travado
com lady Hanswel.
Parece que a embriaguez produziu o seu efeito, porque lady Hanswel
começou a lançar-lhe, por vezes, obliquamente, olhares em que punha alguma coisa
de caloroso, as lágrimas deixaram de borbulhar-lhe nos olhos, que andavam secos
do desejo que ardia dentro.
Ao começo de ataque da inglesa, respondeu sir Arnold com um simulacro de
retirada, um mergulho na sua aparente tristeza, abstinência de comida, que o
levava às escondidas ao American Bar todas as noites, a leitura constante do
resignado Shelley e do desesperado Byron, cujos livros deixava ficar sobre as
mesas com marcas nos versos adequados à circunstância pensando que lady Hanswel
não deixaria de ir folhear os volumes.
Ia realmente, sôfrega, já esquecida do marido, estudando toilettes, não já ruskinianas, com toda
a tristeza doce das figuras dos primitivos, mas as que fizessem realçar a sua
elegância, largos decotes que mostravam a flor nevada do seu colo
opulento, fulgiam-lhe nas mãos os largos costões esverdeados de berilos que
Lalique lançara nesse ano, remoçava a sua boca escarlate uma primavera de
beijos, que se ofereciam, como as laranjeiras que nos quintais murados veem
sacudir para a estrada as laranjas de ouro.
Lady Hanswel atacava vigorosamente, num assalto de desespero, pondo na
conquista de Davis toda a pertinácia da raça, toda a galantaria e vaidade do
sexo.
Davis fugia, mas forneceu-lhe a ocasião dela se lhe dirigir, entabularam
relações, ele mais dobrou a sua alma, melancolicamente, falara-lhe de amores
puríssimos, que vicejam nas almas cândidas, como desbotadas flores nas
planícies geladas da Noruega.
Falou-lhe numa espécie de amor duplo, um amor platônico por uma, em que
a alma vai em primeira cumungante, e o desejo se dirige para outra.
E, diante dela, passeou pelas alamedas da Villa des Fleurs com Blanche
Lely, e, ostensivamente, durante alguns dias recolheu de manhã, a hora em que
lady Hanswel costumava sair para o banho.
A tristeza voltou à face branca da inglesa. Durante o jantar olhava para
a porta constantemente, a cada movimento do paravent estremecia, lançava
nos olhares para mim curiosas interrogações que a minha face muda deixava sem
resposta. Voltou a chorar depois das ducha e das massagens, como antigamente
pelo defunto marido, e, de manhã, quando se encontrava com sir Arnold o seu
olhar tinha carícias, parecia que lhe lambia a face linda.
Foi ela que o levou, fremente, na ânsia de não perder a presa, já no
carro a cerrá-lo entre os braços, para as Gorges du Sierroz, onde, depois do
almoço, no gabinete do restaurante rústico, os beijos arderam e ela pode morder
a boca em sangue de sir Arnold.
Quanto custaram à consolada viúva esses beijos?
Nesse momento, sir Arnold Davis passou, levando pelo braço a franzina
Carlota Von Hameghen, que lhe encostava a cabeça ao ombro olhando para ele numa
súplica, que o sorriso dos lábios finos apoiava fortemente.
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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba
Mendes (2019)
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