Por: Alice
de Almeida
Midas, rei da Frigia, conseguiu obter de Baco, o maravilhoso
dom de transformar em ouro todos os objetos que tocasse. Esse dom tornou-se-lhe
em breve fatal, pois os próprios alimentos eram transformados no precioso metal,
ao seu contato, vendo-se Midas impossibilitado de comer o que quer que fosse.
No auge da desesperação, invocou o deus Baco, e suplicou-lhe
que o livrasse de tão mortal suplício. Baco compadecido da sua desgraça,
ordenou-lhe que se banhasse nas águas do Pactolo, para perder o nefasto dom. Midas
obedeceu, e o grande rio ficou cheio de palhetas douradas.
Refere também a lenda que, tendo o rei dito que a lira de
Apolo era inferior à flauta de Pan, o senhor dos bosques, aquele em castigo à
sua irreverência fez-lhe nascer orelhas de burro.
Midas porém ocultava-as cuidadosamente sob os fartos
cabelos, e somente um barbeiro conhecia o seu segredo.
Mas o barbeiro após algum tempo, e apesar das ameaças de
morte, não se conteve; resolveu então confiar a terra o segredo que tanto o
oprimia.
Abriu, pois, uma funda cova, e lá deixou sepultadas as
palavras fatais que confirmavam ter o rei orelhas de asno, ocultas sob a
cabeleira.
Nesse lugar, passado tempo, brotaram caniços que, ainda
verdes, agitados pela mais leve aragem diziam:
— "Midas, o rei Midas, tem orelhas de burro!"
E assim em breve foi divulgado o segredo do rei que caiu no
ridículo, e furioso maldisse a hora em que atraíra sobre a sua cabeça a justa
cólera do formoso e temível Apolo.
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