Da
chita à seda
—
Não tem melhor?...
—
Queira vossa excelência desculpar, mas esta fazenda, como tecido, como desenho,
como cor, é o melhor que há, no gênero.
—
É possível, mas estou certa de que não é dela que se fazem os vestidos de Sua
Majestade a Rainha da Inglaterra...
—
Também não digo que não; mas pode vossa excelência crer que se não é desta
fazenda que se fazem os vestidos de Sua Majestade a Rainha da Inglaterra, é
porque Sua Majestade os manda fazer doutra, de inferior qualidade.
—
Está muito bem. E quanto a rendas?
—
Temos por onde escolher — portuguesas, de Alençon, Bruxelas...
As
melhores?...
—
É muito difícil dizer quais são as melhores. As rendas de Bruxelas mantêm a sua
tradicional reputação, mas as portuguesas não lhes ficam a dever nada, e as de
Alençon...
—
São muito bonitas, umas e outras; mas o preço, naturalmente...
—
É igual, neste momento.
—
A quanto, o metro?
—
Cem mil réis, por enquanto. Não tardará que suba, chegando talvez ao dobro.
—
Nesse caso levo-as todas. A conta...
—
Figuram aqui dezoito tostões... de quê?...
—
Desculpe vossa excelência. Há dois anos comprou vossa excelência aqui seis
metros de chita, para um vestido, cálculo que para alguma criada, e como ainda
não estivessem pagos... As contas pequenas esquecem, por coisa pouca não vale a
pena a gente mandar a casa dos fregueses.
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Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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