(Estados
Unidos)
Só o negro sentiu e transmitiu o lirismo da terra, nos Estados Unidos. Somente ele conseguiu transpor a fronteira da imaginação criadora. Rodeado de máquinas, desforra-se das técnicas niveladoras, pelo canto e pela dança.
O Jazz e o Bine constituem,
até agora, as expressões humanas de maior potencial inventivo norte-americano.
Se os povos se caracterizam pela poesia e
pela mímica, só uma raça, nos Estados Unidos, encontrou o seu radical: a raça
de Booker Washington e de Du Bois. O ritmo norte-americano está na música e no
gesto dos negros. Este ritmo se impôs ao mundo, de tal maneira, que, hoje, em
face das construções mecânicas, diante do rádio, do arranha-céu e da lâmpada elétrica
surge sempre a imagem do jazz e do blue.
Debaixo da epiderme branca das girls agita-se
a coreografia negra.
Em repouso, um grupo de dançarinas de
Holywood é uma réplica da estatuaria clássica. Mas aqueles membros, que foram modelados
para o minueto e a valsa, quando entram em
movimento contrariam a essência da sua origem. Desmancham-se os quadris em contorções
violentas, batem pesadamente os pés sobre os calcanhares, a linha dos ombros
ondula vertiginosamente, as cabeças têm oscilações de pêndulos furiosos, as
faces arreganham-se, com o aspecto das máscaras congolesas, e os músculos
vibram, em descargas repentinas.
O tã-tã da macumba deforma e absorve a plasticidade ariana.
A alma do negro infiltra-se e possui os corpos saxões.
Quando o americano dança ou canta, o negro, recalcado por vários
séculos de opressão, vem à tona e escraviza os senhores
I too am América, disse o poeta.
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Pesquisa e adequação ortográfica: Iba
Mendes (2019)
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