A
senha
A senha
dos conspiradores monárquicos,
já conhecida da polícia, é esta
— quando casa a Beatriz?
já conhecida da polícia, é esta
— quando casa a Beatriz?
(Dos jornais)
— Estão presos!...
Os
dois entreolharam-se, cada um deles tendo o ar compadecido de perguntar ao
outro se aquele sujeito estaria doido.
—
Estão presos!...
Voltaram-lhe
as costas, sem lhe dizerem palavra, mas já ao tempo se formara um grupo, que ia
aumentando, e dentre essa multidão de acaso uma voz se ergueu terrivelmente
acusadora — são talassas.
Grande
balburdia, apitos, sopapos e bengaladas, até que um polícia fardado, abrindo
caminho com os cotovelos, disse solenemente — todos presos!
No
governo civil, perante o Sr. comissário de polícia, são primeiro introduzidos
os dois talassas.
—...
Pois saberá vossa excelência que me encontrei ali, por acaso, com o meu
compadre, que eu nem sabia que tivesse chegado do Brasil. Rapazes do mesmo
tempo, companheiros de escola, ele foi o padrinho da minha filha, e logo no dia
seguinte ao do batizado abalou para o Rio. Há uns seis meses, estando ajustado
o casamento da rapariga, mandei-lhe dizer que a afilhada ia casar, e que todos
estimaríamos imenso que ele assistisse. Escreveu logo, dizendo que não podia
vir, para nos fazer surpresa, e na verdade chegou aqui, sem nós darmos por
isso. Encontramo-nos há bocado, na Baixa, e estava eu a dizer-lhe que a pequena
sempre casa, quando aquele homem, com ares de doido...
—
E a pequena chama-se?
—
Saberá vossa excelência que se chama Beatriz...
É
introduzido o outro, com os olhos esbugalhados, o colarinho numa rodilha, e por
baixo do olho esquerdo o sinal de um valente murro:
—...
Eu desconfiava dele, e trazia-o debaixo de olho. Há bocado vi-o na Baixa,
parado, e calculei logo que ele não estava ali por bom. Daí a nada chegou o
outro, e eu aproximei-me sem que eles dessem por mim. Logo às primeiras
palavras vi que estavam conspirando. A Beatriz casava por um destes dias, e ele
havia assistir à boda. O outro dizia que tem grande necessidade de ir às águas,
e que por isso talvez não pudesse assistir, que não, que estava tudo preparado,
e a pequena havia de ter uma alegria doida vendo-o no seu casamento. Em
presença disto, não estive com mais cerimônias — dei-lhes voz de prisão, e
qualquer outro, no meu lugar, faria o mesmo que eu fiz, quando desempenhar com zelo
a sua obrigação, que para isso é que nos pagam, creio eu.
Moralidade
do caso — as meninas Beatrizes podem casar, mas não devem anunciar o casamento.
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Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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