Vaidade
Estavam
reunidas cinco meninas no campo, a conversar, abrigadas à sombra de uma velha
árvore, onde as cigarras cantavam.
Todo o resto
da campina estava inundado de sol. Fazia um calor estival.
Como eram
meninas ricas, e a vaidade é para a maior parte delas a preocupação constante,
falavam a respeito da beleza de cada uma.
Dizia a
primeira:
— Eu sou a
mais bela de vós todas, porque tenho os cabelos claros e quando o sol os
ilumina dá-lhes um reflexo dourado. E para mostrá-los, ficou em pé de encontro
ao sol, cujos raios formaram uma auréola de ouro em torno à sua cabeça.
A segunda
disse:
— Não sou
menos bela que tu; tenho a cútis fina e rosada como a polpa de um pêssego.
— Eu tenho as
mãos encantadoras.
E assim cada
qual enumerava seus encantos, fazendo-os sobressair do melhor modo possível, em
vez de ocultá-los ou disfarçá-los como manda a boa educação e a modéstia.
Minhas
meninas, nunca vos blasoneis de vossos encantos físicos e do vosso aspecto
externo, por mais notáveis que vos pareçam, porque a beleza com que a natureza
vos dotou desaparece facilmente com as moléstias que se adquirem, com os inúmeros
acidentes da vida e com a idade.
Deveis ser
modestas, educar o vosso espírito nas boas leituras, nos exemplos bons, nos
atos nobres, que sereis mais belas ainda e a simpatia, que decorre da elevação
do espírito, dará um imperecível realce aos vossos encantos.
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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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