A Ovelha
(Fábula)
A ovelha, um
dia, muito triste por não ter forças para lutar com os cães que a mordiam, ou
armas de defesa contra a ferocidade dos lobos, dirigiu-se a Júpiter e expôs-lhe
suas queixas:
— Pai, todos
os animais que vivem sobre a terra, desde o inseto ao paquiderme, têm meios de
defender-se contra os ataques; e coragem para provocar as lutas. Eu, porém, sou
tímida e indefesa: tudo me causa medo. Queria, pois, que me désseis uma arma
qualquer.
Júpiter,
tocado de piedade, perguntou-lhe:
— Queres um
veneno oculto nos dentes, para dar a morte aos que te fizerem mal?
— Oh! não!
respondeu a ovelha. Os animais venenosos são nojentos e causam medo a todos.
— Queres ter
na boca duas fileiras de dentes afiados, como os leões e os lobos?
— Oh! não! Os
animais carnívoros são tão odiosos e antipáticos!
— Queres saber
arremeter, como os touros, com duas pontas na cabeça?
— Oh! não! Eu
causaria terror aos outros animais, e não seria acariciada pelos pastores.
— Que queres,
pois? gritou Júpiter, impaciente.
— Nada, senhor,
nada quero. Prefiro viver assim, tímida e fraca, porém estimada e afagada por
todos.
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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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