O diabo apaixonando-se por uma formosa princesa, esposa de um grande rei
do país do Sol, roubou-a, encerrando-a em recônditos jardins situados entre
altas montanhas.
Como a princesa chorasse constantemente por se ver só, o diabo deu-lhe
uma vara mágica e disse-lhe que quando quisesse companhia tocasse com ela um
rabanete que ele logo se animaria transformando-se em uma mulher. Porém as
companheiras que a princesa obtinha desta forma só viviam enquanto os rabanetes
tinham suco. Logo que secavam as donzelas morriam.
A princesa desejando enganar o diabo pediu-lhe para que lhe desse uma
vara mágica com a qual pudesse transformar os rabanetes nos animais que
quisesse. O espírito das trevas imaginando que desta forma obteria as boas
graças da princesa acedeu gostoso. Esta, obtida a vara mágica, transformou um
rabanete em abelha que mandou como mensageira ao esposo. A abelha não voltou e
ela transformou outro rabanete em grilo que faz seguir o mesmo caminho. Como o
grilo não regressasse tocou um terceiro rabanete que transformou em cegonha e
esta traz-lhe o esposo. Nisto o diabo, desconfiando que estava sendo ludibriado
foi contar os rabanetes mas, enquanto se entretinha com este serviço, a
princesa transformou um rabanete, que já tinha escondido de prevenção, em
fogoso cavalo e, montado nele, juntamente com o esposo, fugiu para sempre do
poder do diabo.
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Eduardo Sequeira
- (Lenda dos Vegetais, 1892)
Pesquisa e
adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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