A MÃE E O FILHO MORTO
BULHÃO PATO
A pobre da mãe
cuidava
Que o filhinho inda
vivia,
E nos braços o
apertava!
O coração que batia
Era o dela, e não do
filho
Que lá do sono da
morte
Havia instante
dormia.
Olhei e fiquei
absorto
Na dor daquela mulher
Que tinha, sem o
saber,
Nos braços o filho
morto!
Rezava, e do fundo
d'alma!
E enquanto a infeliz
rezava
O pobre infante
esfriava!
Quando gelado o
sentira,
O grito que ela
soltou,
Meu Deus! —que dor
expressou!
Pensei então: — A
mulher
Para alcançar o
perdão
De quantos crimes
tiver,
Na fervorosa oração
Basta que possa dizer:
— Tive um filhinho.
Senhor.
E o filho do meu amor
Nos braços o vi
morrer!?
MEU FILHO
ANNA AMÉLIA CARNEIRO
(1932)
Tomo entre as minhas
mãos tua cabeça,
filho querido, e
esqueço tudo mais.
Quem há que não
esqueça
a vida, as coisas
vãs, convencionais,
tendo entre as duas
mãos a cabeça querida
de um filho que
nasceu da nossa vida?
Corro os olhos, e
penso na grandeza
que esse pequeno
cérebro resume:
espírito em botão,
que hoje presume
ser o centro de toda
a vida humana,
de toda ã natureza.
Que para lhe sorrir
de flores se engalana,
uma cabeça de
criança,
que encontra a providência
como um deus tutelar
no carinho dos pais,
e cuja enorme ciência
é contar até dez e
dizer as vogais.
Dentro em pouco, porém,
esta cabeça frágil,
que começa a reter as
imagens e as cores,
será como um vulcão
de pensamentos vário,
vibrará no esplendor
de auroras interiores,
conhecerá sonho e
dores,
abrangerá, sutil, indefinível,
ágil,
todas as sensações em
surtos tumultuários.
............................................................................
Só quem é mãe pode
saber esta emoção
íntima e original,
de sentir entre as
mãos, no ser que acaricia
o fruto do seu ser,
hoje aurora e poesia,
que há de ser algum
dia,
vida em plena
eclosão,
uma força a vibrar na
vida universal.
............................................................................
E eu sonho, e
acaricio o teu cabelo fino.
Em êxtase profundo,
sentindo ter nas
mãos, num globo pequeno,
a síntese do mundo.
MINHA MÃE
GUILHERME DE ALMEIDA
(Tradução)
(Tradução)
Se eu fosse enforcado
no mais alto morro,
eu sei que um amor me
viria em socorro;
se eu fosse afogado
no mar mais profundo,
eu sei que uma
lágrima iria até o fundo;
se eu fosse maldito
de corpo e alma, um dia,
eu sei que uma prece
me redimiria.
Tu,minha mãe! Ó tu,
minha mãe!
O AMOR DE MÃE É DIFERENTE DE OUTRO AMOR
ALZIRA BITTENCOURT
(1958)
Como é humilde e
manso o amor de mãe!
E como é diferente de
outro amor.
Senti-lo é aspirar
eternamente,
O suavíssimo perfume
de uma flor!
Há tal ternura e tal
delicadeza,
É todo feito de
clemência e de perdão,
Um misto de inocência
e de pureza,
Amor-angelical!
Amor-beleza!
Amor que é perfeição.
Amor que é perfeição.
É um amor silencioso
e concentrado!
Tem mais doçuras que
outros amores não tem,
Tem a magia desses
sons velados
Dos divinais Noturnos de Chopin...
MINHA MÃE
ADEMAR TAVARES
(1958)
Era Maria, minha mãe,
e tinha
A santidade que esse
nome encerra.
Viveu, — nada pesando
sobre a terra
Morreu, — como num voo
de andorinha.
Quando a sombra da
noite se avizinha
E o mistério dos
seres descerra,
Fica um resto de
poente sobre a serra,
Tal como a tênue vida
que a sustinha...
Minha mãe foi um
sonho de inocência,
Foi a bondade que se
fez essência,
E o sofrimento que se
fez perdão.
E Deus quando a levou
ao seio amigo,
Vi uma estrela abrir
no seu jazigo.
E asas brancas cobrirem
eu caixão...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...