MÃE!
BASTOS TIGRE
Mãe! Que nome haverá
de igual doçura
Assim, tão breve e de
harmonia tanta!
É a primeira oração
que se murmura,
Vêm-nos do coração
para a garganta.
Ao dizê-lo, a nossa
alma se levanta
Em demanda dos céus,
de infinita altura.
Mãe! Palavra tão
leve, etérea e pura
Que ao próprio Deus
ouvi-la apraz e encanta.
Mãe! Beija-flor, se a
criança balbucia;
Depois é auxílio,
proteção, confiança,
Como a estrela polar
que aos nautas guia.
E sempre amor, que de
sofrer não cansa;
Mãe! Nome-luz que a
Mãe das mães-maria,
Na terra nos deixou
coro lembrança.
SONETO PARA MINHA MÃE
CORREIA JÚNIOR
Quero beijar-lhe o
rosto, bem de leve,
assim como no altar se
beija a santa;
afagar-lhe os cabelos
cor de neve;
ouvir-lhe a voz
brotando da garganta.
Quero dizer-lhe, num
momento breve,
que o seu amor de mãe
o meu suplanta.
E então minha alma ao
seu olhar se eleve,
como a estrela na
tarde se levanta!
Quero gozar o amor
puro e materno,
e ao sol poente dos
seus olhos baços,
aquecer as manhãs do
meu inverno.
Quero, livre de mágoas
e fadiga,
adormecer chorando
nos seus braços,
como quem reza numa
igreja antiga.
ACALANTO
JOSÉ LANNES
Sobre alvo berço num
coração palpita,
Para o seu amorzinho
adormecer,
a mãe lhe conta a
história mais bonita,
de Jesus, que só as
mães sabem dizer.
Mas o filho, ao
final, todo se agita
numa curiosidade, por
saber
Se alguma vez Nosso
Senhor visita
as crianças que muito
o querem ver.
E a mãe: — “Jesus tem
um trabalho enorme,
Só alta noite, quando
tudo dorme,
pôde Ele vir...
Então, envolto em luz,
Nos sonhos das
crianças resplandece
Dorme... Daqui a pouco
ele aparece.
Dorme, filhinho, que
verás Jesus.
MÃE E FILHO
JOÃO DE DEUS
"Campo de Flores" (1896)
"Campo de Flores" (1896)
Primícias do meu
amor!
Meu filhinho do meu
seio
Tenro fruto que à luz
veio
Como à luz da aurora
a flor!
Na tua face inocente,
De teu pai a face
beijo,
E em teus olhos,
filho, vejo
Como Deus é providente;
Via em lâmina dourada
O meu rosto todo o
dia,
E a minha alma não
havia
De a ver nunca
retratada?
Quando o pai me unia
à face
E em seus braços me
apertava,
Pomba ou anjo nos
faltava
Que ambos juntos
abraçasse!
Felizmente Deus que o
centro
Vê da Terra e vê do
abismo,
Que bem sabe no que
eu cismo,
Na minha alma um
altar viu dentro:
Mas com lâmpada sem
brilho,
Sem o deus a que era
feito...
Bafeja-me um dia o
peito,
E eis feito o meu
gosto, filho!
Como em lágrimas se
espalma
Dor íntima e se
esvaece
De alma o resto quem
pudesse
Vazar todo na tua
alma!
Mas em ti minha alma
habita!
Mas teu riso a vida
furta...
Mas que importa!
(morte curta!)
Se um teu beijo
ressuscita!
AS MÃES
MÚCIO TEIXEIRA
Ó Mães! da Mãe de
Deus vós despertais lembranças,
Nessa augusta missão —
tão cheia de poesia;
Quando embalais ao colo
as tímidas crianças,
Eu penso ver Jesus
nos braços de Maria!
Vós sois uns anjos
bons! de amor e de piedade
Tendes um ninho em
flor nos seios virtuosos;
— Nos filhos refletis
a vossa felicidade,
Como em límpido
espelho os corpos luminosos.
Vós sois a inspiração
primeira dos poetas,
Vós sois o pensamento
extremo dos doentes.
Quem antes osculou a
fronte dos profetas,
Vindo a cerrar mais
tarde os olhos dos videntes?...
Ó Mães! de minha Mãe vós
me trazeis lembranças...
Encheis-me de
saudades!... Eu amo-vos por isto,
Quando embalais,
cantando, aos seios as crianças,
Eu sonho ver Maria
acalentando o Cristo!...
Meu Deus! não sei
dizer o que há de mais ungido
De bálsamos do céu,
se há mais sublime coisa
Que a Mãe que embala
ao berço o filho adormecido,
Ou se o filho que
reza ante a materna lousa!...
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