MINHA MÃE
MARIA CÂNDIDA DE JESUS
(1958)
No rútilo santuário
da memória
Vejo de minha Mãe o
doce vulto,
Narrando-me, sereno,
a fiel história
De sua vida, e ao
recordá-la exulto:
— Extrema singeleza,
em vanglória
De homenagens do
mundo. Ardente culto
As leis divinas
igualando a glória
A caridade em
exercício oculto.
Em tais lições os
filhos instruía
Com bondade, ternura
e complacência
Sob o encanto
intangível da poesia;
E, se amava o labor
prezando a ciência,
Julgava a religião —
sol que a alma guia,
Sublime graça — a paz
da consciência.
SONETO À MAMÃE
GONZAGA DA FONSECA
Mamãe! embora estejas
tão distante,
penso e imagino
ver-te a toda hora:
vejo sempre ante mim
o teu semblante,
numa doce expressão
comovedora...
Mãe! vejo aquela
unção impressionante
de quando o pranto
tua face irrora,
gota a gota, por mim,
e a cada instante:
de ti saudoso, em
versos choro agora!
E sabes, Mãe, que é
que, gradualmente,
deste teu filho o
coração definha?
— É o medo de
perder-te agora ausente...
É o medo de que, um
dia, a fala minha
sobre um túmulo,
embalde te lamente:
como viver sem ti, doce
Mãezinha?!
***
OH, DOCE OLHAR DE MÃE!
CORREA JÚNIOR
(1958)
Oh, doce olhar de
Mãe!
Olhar que nunca
ilude!
Meigo e piedoso olhar
que,
Sempre ao bem nos
guia!
Brilham sóis —se ele
ri —
Em nossa solicitude;
Sucumbe —ao choro seu
—
Toda a nossa alegria.
Olhar que tem do Céu
A profunda quietude,
Quando no imenso azul
Desponta a flor do
dia.
Olhar de cuja luz
mal,
Nesta vida, pude
Sentir a suave unção
A ternura, a Magia
Oh, doce olhar de
Mãe!
A quantos —loucos,
poetas,
Condenados e heróis,
Desleixados e estetas
—
Dá ela a calma, o
bem,
A harmonia, a
coroa!...
Oh, doce olhar que
foi
Na angústia do
calvário,
O supremo consolo
O grito
extraordinário,
Daquela que, a
sofrer, ainda
Em pranto perdoa!
SAUDADE MATERNAL...
MANOEL GREGÓRIO
(1930)
I
Minha mãe,
És o anjo que mais
adoro,
Por quem vivo e por
quem choro
Neste mundo de
ilusão!
Minha mãe.
De ti não me
esquecerei,
Pois teu nome eu
guardarei
Dentro do meu
coração!
II
Minha mãe tão
carinhosa
Eu te adoro com
fervor!
Pois tua alma dadivosa,
Cheia de amor e
ventura,
É tão pura e tão
bondosa,
Que seu verdadeiro
amor,
Cheio de tanta
doçura,
É um amor ideal,
Porque não tem rival!
III
Minha mãe,
O teu lar é tão
sagrado,
Que se eu vivesse a
teu lado,
Oh! como feliz seria!
Minha mãe,
Teu regaço é um paraíso,
Onde eu com prazer diviso
Meu refúgio de
alegria!...
QUEM AMO
(À minha mãe)
ISMAEL COSTA
(1930)
A mulher mais formosa
idealizada,
Que é para mim a
imagem da candura,
Que a sorrir
desabrocha uma alvorada,
Que é toda divinal, —
santa criatura!
Que nos olhos minh'alma
desenhada
Tem na retina casta
que fulgura,
Que a voz é poesia
bem ritmada
Ao som da lira
encantadora e pura...
A mulher que me
prende e me cativa,
Que me devota o mais
sincero amor,
Que vejo quase sempre
pensativa,
Por mim entregue a
firme adoração,
É minha mãe, a
melindrosa flor
Que tenho no jardim
do coração.
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