BEATA VISIO
Bendita sejas,
ó minha mãe, ó mãe celeste,
Que, no retiro
de minha vida atormentada,
Inda apareces,
pálida santa angustiada,
Dando-me a
bênção daquele olhar com que morreste...
Mas, ai!
debalde busco beijar-te a clara veste,
Pois, mal de
opala jaspeia o céu a madrugada,
Tu, como
Vésper no azul do oriente desmaiada,
Empalideces e,
triste, vais como vieste...
Então, de
joelhos, braços em cruz, fico rezando,
Como rezava,
no alto Carmelo, Santo Elias,
Quando entre
arcanjos Nossa Senhora viu passando...
Bendita sejas
dos meus pecados na árdua guerra!
Bendita sejas
nas minhas tristes alegrias!
Bendita sejas
assim no céu como na terra!
WENCESLAU DE QUEIROZ
***
À MINHA
Infante,
imaginei ver-te velhinha,
E eu, homem
feito, a te amparar na idade;
A mão, trêmula
e murcha, presa à minha
Mão farta e
cheia de virilidade.
Mas quem do
Fado as voltas adivinha?
Seus mil
arcanos perscrutar quem há de?
Foi-se-me o sono
que contigo vinha
Encher-me as
horas de felicidade.
Sei, porém,
que, se o páramo estrelado,
Com a
bem-aventurança e a luz que encerra,
Desertar,
afinal, te fosse dado,
Trocarias o
céu, a pompa e o brilho
Pela miséria e
escuridão da terra,
Para, na
terra, ainda abraçar teu filho!
JORGE JUBIM
(1925)
***
À MINHA MÃE
Não me acodem,
agora, inspirações,
P'ra exprimir
meu amor para contigo,
Trocar devemos
nossos corações,
Porque sou eu
o teu maior amigo.
Vivo por ti,
oh minha mãe querida;
Juro e prometo
só a ti o amor
Pensando assim
enquanto a minha vida
For concedida
pelo Redentor.
Tu és o meu
amor de todo instante.
Amor profundo
que me invade o peito.
E o grande
orgulho que minh’alma sente,
Juro e prometo
sempre ser constante,
Pensando que
meu coração foi feito
Para ti, minha
mãe, eternamente;.
MÁRIO CARVALHO
(1914)
(1914)
***
MÃE
Ela velava
perto
Do filho, que
dormia,
E cândida
sorria
Ao lírio
entreaberto.
Da lua um raio
incerto
No quarto se
pendia;
E a mãe olhava
o dia
E a luz do seu
deserto.
No berço
flutuante
Moveu-se agora
o infante
E acorda
pranteando...
Não há quadro
mais belo
Que a mãe,
solto o cabelo,
O filho
acalentando!
GONÇALVES
CRESPO
***
A MINHA MÃE
Bem singela
porém grande e pura
É a palavra mãe que tudo diz
Com ela menos
forte é a amargura
É também ela
que nos faz feliz.
Volvei os
olhos bem para o passado
Com cuidado
volvei-os para o futuro
Amor como o do
ser por nós amado
Jamais
encontrareis tão grande e puro.
Se a dor de um
sono calmo te sacode
Ainda que
também dores sofrendo
A ti verás em
breve ela correndo
E solícita
ligeira ela te acode
Na parte
dorida a mão pousando
A dor mais que
ligeira vai passando.
M. OLIVEIRA
Revista
Careta, janeiro de 1912.
Continua...
Continua...
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