Redescobrindo Salieri
Antonio Salieri (Legnago
1750-Viena 1825), músico italiano, compositor oficial da Corte de José II,
Imperador da Áustria, foi bastante popular na sua época. Há lendas a respeito
do seu relacionamento com Mozart, com quem conviveu em Viena até a morte deste.
Criado no seio de uma
família próspera de comerciantes, Salieri estudou violino e espineta com seu
irmão Francesco, que era aluno de Giuseppe Tartini. Após a morte prematura de
seus pais, mudou-se para Pádua e a seguir para Veneza, onde estudou com
Giovanni Battista Pescetti. Nesta cidade conheceu Florian Leopold Gassmann em
1766, que o convidou a servir na corte de Viena, onde o instruiu em composição
baseada na obra de Johann Joseph Fux, Gradus ad Parnassum.
Permaneceu em Viena até ao
fim da sua vida. Em 1774, após a morte de Gassmann, Salieri foi nomeado
compositor da Corte pelo Imperador José II, quando conheceu a sua esposa,
Therese von Helfersdorfer, dessa união nasceriam oito filhos.
Em 1788 Salieri tornou-se
Mestre da Orquestra Imperial, cargo que manteve até 1824. Foi presidente da
Sociedade dos Artistas Musicais, de 1788 a 1795, vice-presidente após 1795 e
responsável pelos seus concertos até 1818. Alcançou elevada posição social,
sendo frequentemente associado a outros célebres compositores, como Joseph
Haydn ou Louis Spohr.
Antonio Salieri desempenhou
papel importante na música clássica do Século XIX, foi professor de
compositores como Beethoven, Carl Czerny, Johann Hummel, Franz Liszt, Giacomo
Meyerbee, Franz Schubert e Franz Xaver Sussmayr.
Foi professor também do
filho mais novo de Mozart, Franz Xaver.
Salieri foi enterrado no
Matzleinsdorfer Friedhof em Viena. No seu serviço fúnebre, o seu próprio
Réquiem em Dó menor - composto em 1804 - foi executado pela primeira vez.
Posteriormente seus restos mortais foram transferidos para o Zentralfriedhof.
(Fonte: Wikipédia)
O nome de Salieri chegou
até nós em virtude de um retrato histórico que confronta Salieri – músico
experimentado e dominante na corte – a Mozart, jovem e talentoso compositor que
buscava espaço na sociedade vienense. A vida breve de Mozart, sua morte em
abandono, o funeral barato, a tumba sem identificação no cemitério de São
Marcos (ninguém sabe onde ele foi enterrado), alimentou a capacidade inventiva
dos fãs da música, cujo ápice foi a notícia de que Antonio Salieri teria sido o
porta-voz da misteriosa encomenda do Réquiem de Mozart, magistralmente
reconstruído e finalizado por seu ex-aluno Franz Sussmayr, não esqueçamos.
Mas na verdade o comprador
do Réquiem era o Conde Welsegg, que tinha o hábito de encomendar músicas para
depois mandar executá-las com o seu nome. Outra suspeita levantada, que passou
para o folclore histórico – essa até certo ponto criminosa –, atesta que
Salieri envenenou a Mozart para proteger sua posição na Corte da ascensão
fulminante daquele intruso, talentoso, sarcástico e brincalhão. Tantos foram os
boatos que surgiram após a morte de Mozart que a verdade ficou atolada nas
lamas da sepultura, até hoje desconhecida, onde seu corpo foi enterrado.
Toda essa insensatez
resultou na peça do escritor Peter Shaffer, que virou filme sob a batuta de
Milos Formam e rendeu algumas estatuetas na festa do Oscar de 1984. Ou seja,
tudo é carnaval.
Ouvir hoje as músicas de
Salieri é descobrir um compositor longevo que não se perdeu no caminho e soube
compartilhar seu conhecimento com outros talentos que iniciaram a transição
musical de Bach a Beethoven, permitindo a ascensão de Brahms, Bruckner, Richard
Strauss, Stravinsky, Mahler, Debussy, Manuel de Falla e outros bem mais
próximos.
Graças aos bons serviços da
internet, a gente já consegue ouvir as obras de Salieri. Encontrei na rede, com
certa facilidade, o Concerto para Flauta e Oboé, La Tempesta di Mare, a Piccola
Serenata em si bemol maior, a Variazioni Sulla Folia di Spagna, a Sinfonia
Veneziana in do, a Abertura Il Moro e o belíssimo Réquiem in Do, que flui com
leve beleza, justamente executado pela primeira vez em seu próprio féretro.
Mas sei que existe por aí
um belíssimo CD gravado pela cantora italiana Cecília Bártoli só com canções de
Salieri. Aliás, Cecília Bártoli se distingue das demais musas da ópera justo
por redescobrir e eternizar as belíssimas árias de tantos compositores hoje
comercialmente esquecidos.
Ave! Cecília Bártoli! É uma
obra gigante que merece louvores e reconhecimento. Com isso tudo ganha a música
e os demônios que não sabem viver sem as estranhas notas que os compositores
conseguiram harmonizar para nos dar alegria.
Longa vida a Mozart... e a seu legendário
"desafeto" Antonio Salieri!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...