A verdade sobre o caso de Mr. Waldemar
Tradução:
David Rissin
Não
é de estranhar que tenha suscitado discussões o extraordinário caso de Mr.
Waldemar. Seria um milagre se assim não fosse... especialmente em tais circunstâncias.
O desejo das partes interessadas em comentar o caso, secreto pelo menos por ora,
ou esperando uma oportunidade de nova investigação, e os nossos esforços neste
sentido deram lugar a uma narração truncada e exagerada, que se propagou e que,
apresentando o caso sob cores as mais desagradavelmente falsas, tornou-se
geralmente origem de geral descrédito.
Torna-se
agora necessário que eu apresente os fatos, pelo menos até onde os entendo eu
mesmo.
Ei-los,
sucintamente:
Minha
atenção, nestes últimos três anos, fora repetidas vezes atraída para o
magnetismo; e, há mais ou menos dez meses, ocorreu-me repentinamente ao espírito
a lembrança de que, na série de experiências feitas até agora, havia uma curiosíssima
e muito inexplicável lacuna: — ninguém fora ainda magnetizado in articulo mortis. Restava saber:
primeiro, se num tal estado havia no "sujeito" uma receptibilidade
qualquer do influxo magnético; segundo, se, no caso de haver, era aumentada ou diminuída
pela circunstância; e, terceiro, a que ponto e por quanto tempo podiam os
avanços da morte ser retardados pela experiência. Havia outras probabilidades a
verificar, mas estas excitavam mais minha curiosidade, — especialmente a última,
dado o caráter gravíssimo de suas consequências.
Procurando
nas minhas relações alguma "cobaia" por intermédio da qual pudesse
esclarecer esses pontos, fui levado a lançar os olhos sobre o meu amigo Mr.
Ernest Waldemar, o conhecido compilador da “Biblioteca Forênsica" e autor,
sob o pseudônimo de Issachar Marx, das traduções polonesas de Wallenstein e de
Garganina. Mr. Waldemar, que residia geralmente em Harlem, Nova York, desde
1939, é ou era especialmente notável pela sua excessiva magreza, — suas pernas
pareciam as de uma cegonha e também pela alvura de suas suíças, que
contrastavam com sua cabeleira negra, que todos, consequentemente, julgavam
postiças. Seu temperamento era extraordinariamente nervoso e constituía, assim,
uma excelente "cobaia" para as experiências magnéticas.
Por
duas ou três vezes eu o fizera dormir, sem grande dificuldade; fiquei, porém,
desapontado quanto aos outros resultados que sua constituição "sui
generis" me fizera esperar. Sua vontade não ficava nunca positiva e
inteiramente submissa à minha influência; e, relativamente à evidência, não consegui
fazer com ele coisa alguma de concreto. Eu atribuíra sempre meus insucessos,
nesse sentido, ao desarranjo de sua saúde.
Alguns
meses antes de travarmos relações, os médicos lhe haviam diagnosticado uma tísica
pulmonar, bem acentuada. Era um costume seu falar da sua morte próxima com
muito sangue frio, como duma coisa que não pode ser evitada nem deve ser
lamentada.
Quando
essas ideias, às quase me referi há pouco, me acudiram pela primeira vez, era
natural que eu pensasse em Mr. Waldemar. Eu conhecia muito bem a sua sólida filosofia,
para saber que não tinha a temer escrúpulos da sua parte, e ele não tinha
parentes na América que pudessem plausivelmente intervir. Falei-lhe francamente
no assunto; e, muito surpreendido, vi que ele tomava um vivo interesse na experiência.
Digo surpreendido, porque, conquanto se tivesse várias vezes posto à minha disposição
para as minhas experiências, ele não testemunhava simpatia pelos meus estudos.
Sua
doença era das que admitem um cálculo exato relativamente à época do seu
desfecho; e ficou, finalmente, combinado entre nós que ele me mandaria buscar
vinte e quatro horas antes do termo marcado pelos médicos para a sua morte.
Fazem
já sete meses ou mais que recebi de Mr. Waldemar o seguinte bilhete:
"Meu
caro P... — Seria bom vir agora. D... e F... estão ambos acordes em afirmar que
não passarei das 24 horas de amanhã; creio que calcularam certo, ou bastante apropriado.
Waldemar.”
Recebi
este bilhete meia hora depois de que fora escrito, e daí a um quarto de hora eu
estava no quarto do moribundo. Eu não o via faziam uns dez dias, e fiquei
apavorado com a terrível alteração que nesse curto intervalo se operara nele.
Seu rosto estava da cor do chumbo; seus olhos estavam completamente baços e a magreza
era tal que as maçãs do rosto furavam a pele. A expectoração era excessiva; o
pulso quase insensível... Conservava, contudo, singularmente, todas as
faculdades mentais e uma certa quantidade de força física. Falava distintamente,
— tomava, sem auxílio, uns paliativos e quando entrei no quarto ele estava ocupado
em escrever notas numa agenda. Estava sustentado, no leito, por travesseiros. Os
médicos D... e P... cuidavam dele. Depois de lhe ter apertado a mão, chamei os senhores
médicos à parte e obtive um relato minucioso do estado do doente. O pulmão esquerdo
estava, há já dezoito meses, num estado semi-ósseo, ou cartilaginoso, e, consequentemente,
impróprio às funções vitais. O direito, na região superior, estava também
ossificado, se não totalmente, pelo menos em parte, enquanto que o lado
inferior não era mais que um agregado de tubérculos purulentos, penetrando um
no outro.
Havia
várias perfurações profundas e, num certo ponto, aderência permanente das costelas.
Esses fenômenos, no lado direito, eram relativamente recentes. A ossificação
progredira com uma rapidez insólita; um mês antes, ainda não se descobria um só
sintoma, e a aderência apenas fora observada nos últimos três dias. Além da tísica,
suspeitava-se também de um aneurisma da aorta, mas nesse ponto os sintomas de ossificação
tornavam impossível um diagnóstico exato. A opinião dos dois médicos era que
Mr. Waldemar morria no dia seguinte, domingo, pela meia-noite. Eram sete horas
do sábado. Deixando a cabeceira do moribundo para falar comigo, os médicos lhe
haviam dito o último adeus. Não tinham intenção de voltar, mas, a meu pedido,
consentiram em vir ver o doente pelas dez horas.
Quando
saíram falei livremente com Mr. Waldemar, na sua morte próxima, e especialmente
na experiência que nos propuséramos. Mostrou-se, como sempre, cheio de boa vontade,
demonstrando mesmo desejar muito a experiência, e insistiu comigo para que eu
começasse logo. Dois empregados, um homem e uma mulher, estavam lá para
auxiliar; mas não me sentia disposto a começar um trabalho de tal gravidade sem
outros testemunhos mais seguros do que os que essas criaturas seriam capazes de
fornecer, em caso de repentino acidente. Adiei, pois, a operação para as oito
horas, quando a chegada de um estudante de medicina, Mr. Theodoro L...., me
livrou definitivamente do embaraço. A princípio eu resolvera esperar os médicos;
depois, porém, fui induzido a começar imediatamente, primeiro pelas
solicitações de Mr. Waldemar e, depois, por estar convencido de que não tinha
tempo a perder, pois via-se que ele expirava.
Mr.
F... teve a condescendência de anotar os fatos, e é desse relato que tiro minha
narrativa. Faltavam cinco minutos para as oito horas quando, tomando a mão do
paciente, pedi-lhe que confirmasse aos presentes que era por sua vontade que fazíamos
esta experiência magnética em tais condições. Ele respondeu fracamente, mas de
modo muito distinto: — “Sim, quero ser magnetizado", acrescentando logo: “receio
que já adiastes muito."
Comecei
então os movimentos que eu sabia os mais eficazes para adormecê-lo. Ficou
influenciado pelo meu primeiro movimento, mas não manifestou nenhum outro efeito
sensível até 10 e10, quando chegaram os médicos.
Expliquei-lhes,
em poucas palavras, o meu desígnio e, como eles não se opusessem, dizendo que o
paciente estava agonizante, continuei sem hesitação, alterando os movimentos laterais
para longitudinais e concentrando meu olhar nos olhos do moribundo.
Por
essa ocasião seu pulso tornou-se imperceptível e sua respiração obstruída,
marcando intervalos de meio minuto. Este estado durou um quarto de hora, quase
sem alteração. Depois desses quinze minutos, porém, um suspiro natural, conquanto
horrivelmente profundo, soltou-se do peito do moribundo, e a respiração ruidosa
cessou, isto é, não se ouviu mais o ronco de pouco antes; os intervalos de
respiração não tinham diminuído. As extremidades do paciente estavam frias de
gelo. Às onze horas menos cinco percebi sintomas inequívocos da influência magnética.
O vacilar vítreo do olho se transformara nessa expressão dolorosa de quem olha
para dentro, e que não se vê senão nos casos de sonambulismo, que é inconfundível.
Com
alguns rápidos movimentos laterais, fiz palpitar as pálpebras, como quando o sono
nos ataca, e, insistindo um pouco, fechei-lhe completamente os olhos. Continuei
os movimentos até imobilizar-lhe os membros numa posição mais ou menos cômoda.
Quando acabei já dera meia-noite, e pedi aos presentes que examinassem Mr.
Waldemar. Depois dumas experiências, reconheceram que ele estava numa
catalepsia magnética extraordinariamente perfeita. A curiosidade dos médicos
aguçou-se. O Dr. D... resolveu passar a noite junto ao doente e o Dr. F... despediu-se
de nós, prometendo voltar de madrugada. Fiquei eu, Mr. Theodoro, o médico e os
enfermeiros.
Deixamos
Mr. Waldemar tranquilo até às três horas da manhã. A essa hora o seu estado era
o mesmo: estava estendido na mesma posição, o pulso imperceptível, a respiração
fraca, apenas sensível pela aplicação do espelho; os olhos fechados naturalmente
e os membros frios e rígidos como mármore. Contudo, a aparência geral era a da
morte.
Resolvi
então tentar fazer o seu braço seguir o meu, em vários movimentos. Outrora,
quando eu tentara esta experiência, Mr. Waldemar jamais se prestara; mas agora,
com grande espanto da minha parte, seu braço, dócil, seguiu as minhas ordens,
movendo-se lentamente. Resolvi tentar algumas palavras de conversação:
—
“Waldemar — perguntei — dormes?”
Ele
não respondeu, mas percebi um tremor nos seus lábios e fui obrigado a repetir minha
pergunta três ou quatro vezes. À última vez todo o seu corpo tremeu; as pálpebras
se ergueram, revelando apenas uma
linha do globo; os lábios se moveram a custo e deixaram escapar estas palavras,
num murmúrio quase imperceptível:
—
"Sim; durmo agora. Não me desperte! Deixe-me morrer assim!”
Apalpei
os membros e achei-os ainda inalteravelmente rígidos. O braço continuava a obedecer
à direção do meu. Interroguei de novo o sonâmbulo:
—
"Doe-lhe ainda o peito, Mr. Waldemar?"
A
resposta não foi imediata; foi ainda mais fraca que primeira:
—
"Não! não me doe, — eu morro."
Não
julguei conveniente atormentá-lo mais no momento, e não se disse ou fez mais
coisa alguma até à vinda do Dr. F... , que chegou pouco antes do romper do sol
e ficou estupefato ao encontrar o paciente ainda com vida. Tendo-lhe tomado o
pulso e aplicado um espelho aos lábios, pedia-me que lhe continuasse a falar.
—
"Mr. Waldemar, dorme ainda?”
Como nas outras vezes, passaram-se alguns
momentos antes da resposta, e durante o intervalo o moribundo parecia
concentrar todas as energias para falar.
À
quarta repetição da minha pergunta, respondeu muito dificilmente, quase ininteligivelmente:
—
“Sim, ainda! — durmo! — Morro!”
Era
opinião, ou melhor, desejo dos médicos, que se deixasse o agonizante tranquilo,
nesta calma aparente, até que sobreviesse a morte, que os médicos eram unânimes
em afirmar se daria no espaço de cinco minutos.
Resolvi,
contudo, falar-lhe ainda uma vez, e repeti simplesmente minha última pergunta:
Enquanto
ele falava, uma transformação assinalada se operou na fisionomia do sonâmbulo:
os olhos giraram nas órbitas, aparecendo lentamente das pálpebras, que se soerguiam;
a pele tomou um tom geral, cadavérico, parecendo menos pergaminho do que papel
branco; e as duas rosetas da febre, que até então ardiam no centro das faces,
"apagaram-se" subitamente. Sirvo-me desta expressão, porque a subitaneidade do seu desaparecimento parecia mais o apagar de uma vela que outra coisa. O lábio
superior, ao mesmo tempo, torceu-se, arreganhando-se para cima e descobrindo os
dentes, que havia pouco cobria, enquanto que o maxilar inferior tombava com um
estalo audível, deixando a boca escancarada e mostrando em cheio a língua negra
e tumefacta.
Todos
os presentes estavam mais ou menos familiarizados com os horrores de um leito
de morte; mas o aspecto de Mr. Waldemar, neste momento, era tão hediondo, tão
inconcebivelmente hediondo, que houve um recuar geral do leito.
Sinto-me
chegado a um ponto da minha narrativa que leitor revoltado me recusará o crédito.
Contudo, é meu dever continuar.
Não
havia mais em Mr. Waldemar o mais débil sintoma de vitalidade e, concluindo que
ele estava morto, íamos deixá-lo aos cuidados dos enfermeiros, quando um
acentuado movimento de vibração se manifestou na sua língua. Isso durou mais ou
menos um minuto.
Exaurido
este intervalo, irrompeu os maxilares uma voz — uma voz tal que seria loucura
tentar descrevê-la. Havia, contudo, dois ou três epítetos que lhe poderiam ser aplicados
aproximadamente. Assim, direi que o som era áspero, sibilante e cavernoso; mas a
sua maior hediondez era indefinível, porque semelhantes tons jamais feriram com
seus brados ouvidos humanos. No entanto, havia duas particularidades que pensei
então e penso, ainda agora, podem ser tomadas como características da entonação
e dar uma ideia da sua estranheza extraterrena e sobrenatural: em primeiro lugar,
a voz parecia chegar aos nossos ouvidos, pelo menos aos meus, como de muito
longe, de um abismo subterrâneo; em segundo lugar, ela impressionou-me (creio
que será impossível fazer-me compreender) do mesmo modo que as substâncias
gelatinosas afetam o nosso tato.
O
som era uma silabização pavorosamente distinta. Mr. Waldemar falava evidentemente
em resposta à minha última pergunta. Ele agora- dizia:
—
"Sim, — não, — eu dormi, — mas agora, —agora, — estou morto!"
Mr,
I..., o estudante, diante do indescritível horror desta resposta, desmaiou. Os
enfermeiros fugiram aterrorizados e não foi possível fazê-los voltar. Durante
uma hora nos ocupamos, sem uma palavra, em reanimar Mr. I... e chamá-lo à vida.
Quando ele voltou a si, reassumimos as nossas investigações sobre o estado de
Mr. Waldemar.
Seu
estado estava inalterado, salvo que o espelho não acusava mais vestígio algum
de respiração. Uma tentativa de sangria no braço não deu resultado.
Cumpre-me
mencionar que este membro já não obedecia à minha vontade. Tentei em vão fazê-lo
seguir as direções de meu braço. A única indicação de influência magnética era
o movimento vibratório da língua. Cada vez que eu o interrogava, ele parecia
esforçar-se para responder, mas sua volição não era suficientemente duradoura. Às
perguntas de outras pessoas ele parecia totalmente insensível conquanto eu o
tivesse tentado pôr em comunicação magnética com cada um dos presentes.
Creio
que relatei tudo, capaz de dar uma ideia do estado do sonâmbulo, neste período.
Arranjamos outros enfermeiros e às dez horas retirei-me com os doutores F... e
D... e o estudante I... À tarde voltamos a visitar o paciente. Seu estado era
absolutamente o mesmo. Discutimos então sobre a possibilidade e a oportunidade
de despertá-lo, mas resolvemos, de comum acordo, deixá-lo tranquilo.
Era
evidente que até então o que chamamos de morte fora suspenso pela operação magnética.
Acordar Mr. Waldemar seria assegurar o momento de sua morte e apressar sua
desorganização.
Desde
então até o fim da semana passada, por intervalo de sete meses, nos reunimos
quotidianamente na casa de Mr. Waldemar. Eu, médicos e amigos. Seu estado
permanecia o mesmo. A vigilância dos enfermeiros era contínua.
Foi
na sexta-feira passada que resolvemos tentar despertá-lo; e foi o resultado deplorável,
talvez, desta última tentativa, que deu origem a tantas discussões em meios
particulares e a tantas reuniões, nas quais não pude deixar de ver a consequência
de uma injustificável credulidade popular. Para tirar Mr. Waldemar da
catalepsia magnética, usei uns "movimentos" costumeiros. Durante
algum tempo foram sem resultado. O primeiro sintoma de volta à vida foi um
abaixamento parcial da íris.
E,
fato interessante, este abaixamento era acompanhado duma secreção abundante, de
sob as pálpebras dum líquido amarelo, de cheiro acre e desagradabilíssimo.
Tentei influenciar o braço, mas não o consegui. O Dr. F... pediu-me que lhe
falasse; interroguei-o então:
—
"Mr. Waldemar, pode explicar-nos quais as suas sensações neste momento?”
Deu-se
logo a volta das rosetas de febre às faces: a língua tremeu, ou antes, girou
violentamente na boca, conquanto os maxilares e os lábios ainda se conservassem
imóveis, e por fim aquela mesma voz horrível, que expliquei, irrompeu:
"Pelo
amor de Deus! — depressa! — depressa! — adormecei-me! — ou então, depressa! — acordai-me!
— depressa! — digo-vos que estou morto! morto!"
Eu
estava enervado e durante um minuto fiquei indeciso. Depois comecei a tentar
acalmar o paciente: meu estado nervoso não mo permitiu. Fiz então o contrário e
comecei a despertá-lo. Fiquei certo de que o conseguiria e tinha segurança de
que todos na sala esperavam ver, e veriam o sonâmbulo despertar.
Quanto
ao que na verdade ocorreu, ninguém o poderia prever, está muito além de qualquer
possibilidade. Enquanto eu fazia rapidamente os movimentos magnéticos,
entrecortados de gritos de "morto!", "morto!", que jorravam
da língua, e não dos lábios do "sujeito", — todo o seu corpo — duma
só vez, — no espaço de um minuto, e mesmo menos, furtou-se, esfarelou-se, — “apodreceu"
nas minhas mãos.
Sobre
o leito, ante horror dos assistentes, jazia uma espécie de massa repugnante e semilíquida,
— uma abominável putrefacção.
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