Cláudio Manuel da Costa nasceu a 6
de junho de 1729, num local denominado Ribeirão do Carmo, termo da cidade de Mariana,
na então capitania de Minas Gerais, sendo considerado o representante máximo do
Arcadismo da literatura brasileira. Dotado de muita vivacidade e talento, foi
por seus pais mandado para o Rio de Janeiro a fim de fazer o seu curso de
humanidades no Colégio dos Jesuítas, e por sua inteligência, aplicação e
entusiasmo, foi graduado "mestre em artes", título que equivalia a
bacharel em letras. Em 1749 seguiu para Coimbra, para fazer o curso de
jurisprudência, tornando-se notável na universidade por suas produções
poéticas. Publicou em 1851 o Minúsculo Métrico,
que foi a primeira das suas produções impressas. Depois, em 1733, publicou Epicédio consagrado à memória do reverendíssimo
senhor Frei Gaspar da Encarnação, em vinte e uma oitavas, e Números Harmônicos, e ainda Labirinto
de amor. Em 1754 regressou ao Brasil, estabelecendo-se como advogado em
Vila Rica, onde foi também secretário do governo.
As obras poéticas de Cláudio
Manuel da Costa, árcade ultramarino chamado Glauceste Satúrnio, saíram três
anos depois de ele ter regressado à pátria. Vila
Rica foi outra produção do desditoso patriota conservada inédita por muitos
anos, até que, em 1841, um mineiro ilustre, José Pedro Dias de Carvalho, fez às
suas expensas a primeira edição da obra. O poema, oferecido pelo autor a José
Antônio Freire de Andrade, Conde de Bobadela, é precedido de uma carta dedicatória.
Tem por assunto a fundação de Vila Rica, capital de Minas Gerais. O prólogo e
as notas contêm notícias importantes daquele Estado em seus primórdios, e o
poema contém dez cantos de versos decassílabos, rimados em parelhas, o que
torna a leitura monótona e desagradável, além do assunto, que não tem altura
para um poema.
Além dessas obras, Cláudio Manuel
da Costa deixou muitas poesias esparsas, entre elas a formosíssima alegoria
intitulada Ribeirão do Carmo, na
qual, celebrando seu torrão natal, manifesta uma bela imaginação.
Compreendido no número dos
conspiradores no processo da Inconfidência foi o nosso poeta preso e
encarcerado na cadeia da sua cidade natal.
Na idade avançada de sessenta
anos, apavorado pela ideia do suplício, cercado de alucinações, cheio de
incertezas e ambiguidades naquele dédalo infernal de interrogatórios obtusos a
que foi submetido, pouco a pouco as suas faculdades se foram desordenando,
terminando por enforcar-se no dia 4 de julho de 1789.
Atribui-se a Cláudio Manuel da
Costa, recomendado como clássico pela Academia de Ciências de Lisboa, além de
uns comentários ao Tratado da origem das
riquezas das nações, de Adam Smith, e de umas Memórias sobre a literatura antiga e moderna, a autoria das famosas
Cartas chilenas, que tantas discussões
têm provocado, achando alguns entendidos que são da pena de Tomás Antônio
Gonzaga, outros de Alvarenga Peixoto etc.
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Cultura Política, junho de 1942.
Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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