Fernando Pessoa e Lisboa
Fernando Pessoa, que foi uma das mais
eminentes luzes da verdadeira "literatura moderna" de Portugal, conta
hoje entre os intelectuais lusitanos um prestígio que cresce de dia para dia,
através de estudos interpretativos de seus poemas e de escorços e análises de
sua singular personalidade.
Nascido a 13 de junho de 1888, morreria
em plena maturidade de seu espírito multiforme, a 30 de novembro de 1935 — e
seria um dedicado cantor de sua cidade de Lisboa, sobre a qual escrevia em
1923.
... Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete.
No aniversário da morte do poeta,
Carlos Queiroz, o delicado lírico do "Desaparecido", dedicou comovido
artigo a Fernando Pessoa no "Diário de Lisboa", lembrando as
emocionadas notas pessoais de sua poesia metropolitana.
"Lisbon Revisited", foi
como chamou a esse poemeto, que assinou com o "heterônimo" de Álvaro
de Campos. Três anos depois, noutra poesia a que deu o mesmo titulo:
"...Outra vez te revejo — Cidade da minha infância pavorosamente
perdida... — Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui..."
Bernardo Soares (outro heterônimo
de Fernando Pessoa), descrevia em prosa, frequentemente, o que os seus olhos de
poeta viam — e amavam — nas ruas da cidade baixa; e estava tão integrada nelas
a sua "vida" que sempre acrescentava à assinatura dos seus escritos:
— "ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa". Mas já em 1915, a
"Ode triunfal" e a "Ode marítima" tiveram por cenário — e,
certamente, por fonte — o lugar onde o poeta as concebeu e realizou. Lendo os
versos finais da segunda destas odes em que ele canta a partida de um pequeno
vapor, quem não vê, com maior nitidez do que num filme colorido, um dos mais
pitorescos trechos de Lisboa?
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Revista "Vamos Ler!", 7 de abril de 1938.
Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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