Um rei, achando-se doente, anunciou:
— Darei metade de meu reino a
quem me curar!
Reuniram-se, então, todos os sábios,
e procuraram meios de curar o rei, porém não conseguiram tal proeza.
Um deles, entretanto, declarou
que seria capaz de fazer a cura, e disse:
— Se encontrarem no mundo um homem
feliz, tirem-lhe a camisa e vistam-na no rei, que ele certamente ficará curado.
Mandou-se então procurar por
todo o mundo um homem feliz. Os enviados do soberano espalharam-se por todo o
reino, mas não descobriram o que procuravam... Não se encontrou um só homem que
estivesse satisfeito com o seu destino na terra: um era rico, porém doente;
outro era são, porém pobre; um terceiro era rico e são, mas se queixava da
mulher; e todos igualmente viviam insatisfeitos procurando sempre alguma coisa.
Uma tarde o filho do rei,
passando junto de um casebre, ouviu alguém exclamar:
— Ora graças a Deus! trabalhei
bem durante o dia, comi bastante, e agora vou deitar-me... que posso desejar mais
que isso?
O filho do rei alegrou-se
sobremaneira; mandou que fossem imediatamente buscar a camisa daquele homem e
que lhe dessem por ela todo o dinheiro que ele exigisse, contanto que a
trouxessem ao rei.
Os enviados correram à casa do
tal homem feliz e pediram-lhe a camisa; porém o homem era tão pobre que nem
sequer tinha uma camisa para vestir.
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A Cidade, 18 de março de 1902.
Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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