O Manancial
Num quente dia de verão três viajantes
se reuniram junto a um fresco manancial que ficava ao lado do caminho, rodeado
de algumas árvores e úmida relva; a água, pura como uma lágrima, caía num
recipiente feito na pedra; logo se vertia para derramar-se pela pradaria.
Os viajantes descansaram à sombra
daquelas árvores e beberam água do manancial.
Junto a ele viram uma pedra na
qual se liam estas palavras: Imitai a este
manancial.
Os peregrinos leram a inscrição;
depois perguntaram entre si seu significado.
— É um bom conselho — disse um
deles, que era comerciante. — A corrente corre sem cessar, vai longe, recebe
água de outros regatos e forma um grande rio. Assim, o homem deve imitá-lo ocupando-se
de seus assuntos, e sempre triunfará e conseguirá riquezas.
— Não — disse o segundo viajante,
um jovem. — No meu entender, essa inscrição significa que o homem deve
preservar sua alma dos maus instintos, dos desejos maus; sua alma deve estar tão
pura como a água deste manancial. Atualmente esta água dá forças aos que, como nós
outros, se detêm para beber; houvesse atravessado o universo, estando a água turva, que utilidade teria? Quem a queria beber?
O terceiro viajante, que era velho,
sorriu e disse:
— Este jovem tem razão. O manancial,
dando de beber aos sedentos, ensina ao homem a praticar o bem para todos, sem recompensa,
sem contar esperar com a gratidão.
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A Cigarra, abril de 1945.
Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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