O machado perdido
Um camponês deixou cair o
machado no rio, e, de tristeza pôs-se a chorar.
O espírito das águas, ouviu-lhe
o pranto, teve pena e levou-lhe um machado de ouro, perguntando-lhe:
— É este o teu machado?
— Não, não é este, respondeu o
camponês.
O espírito das águas mostrou-lhe
um outro de prata.
— Não é este também — disse
ainda o pobre homem.
Então o espírito das águas
trouxe-lhe o que tinha deixado cair.
— É este — disse por fim o camponês.
Para recompensá-lo pela
sinceridade com que procedera, o espírito das águas presenteou-o com os dois machadinhos:
o de ouro e o de prata.
De volta a sua casa o camponês
relatou sua aventura aos camaradas.
Um deles teve a ideia de imitá-lo:
foi à beira do rio, deixou cair o machado e pôs-se a chorar.
O espírito das águas apresentou-lhe
um machado de ouro e perguntou-lhe:
— É este o teu machado?
O camponês, muito contente,
respondeu:
— Sim, sim, é justamente esse o
meu.
O espírito das águas, para
puni-lo da mentira não lhe deu o de ouro nem o de aço que se ficou enferrujando
no fundo das águas.
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O Monitor, 28 de junho de 1909.
Pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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