Havia na Índia uma princesa de
cabelos de ouro.
Sua madrasta detestava-a
tanto, que convenceu o rei de que devia abandoná-la no deserto.
Levaram, pois, para o deserto
a princesa dos cabelos de ouro e lá a deixaram.
No quinto dia, a princesa
voltou para o palácio de seu pai, montada em um leão.
A madrasta aconselhou então ao
rei que largasse a enteada numas montanhas desertas onde havia só abutres.
No quarto dia, os abutres
trouxeram-na para o palácio do pai.
A madrasta exilou desta vez a princesa
para uma ilha deserta.
Uns pescadores a encontraram e
trouxeram-na ao pai.
Vendo isso, a madrasta mandou
que cavassem no pátio um poço muito fundo, meteu nele a princesa dos cabelos de
ouro e fez tapar o poço.
Seis dias depois, no lugar em
que a moça fora enterrada viva, apareceu uma luz.
O rei mandou abrir o poço e
encontrou aí a princesa dos cabelos de ouro.
Por fim a madrasta mandou cavar
o tronco de uma amoreira e encerrou aí a princesa; em seguida mandou cortar a árvore
e atirá-la ao ar.
Ao nono dia, o mar atirou a árvore
na costa do Japão; os japoneses tiraram de dentro do tronco a princesa viva,
mas logo que ela viu a luz do dia, morreu e transformou-se em bicho de seda.
O bicho de seda agarrou-se à amoreira
e começou a roer-lhe as folhas.
Um dia deixou de comer e ficou
quieto; mas cinco dias depois — o tempo em que a princesa levou no deserto — o
verme reanimou-se; começou de novo a roer as folhas da árvore
e em seguida adormeceu.
Depois, ao fim de um tempo
igual ao que os abutres gastaram em levar a princesa à casa do pai, o verme
reanimou-se ainda para adormecer em seguida.
Afinal, pela quinta vez, o
bicho de seda morreu e transformou-se em um casulo sedoso e dourado; deste
casulo saiu uma borboleta que começou a pôr ovos.
Finda a postura, saíram bichos
de seda que se espalharam no Japão.
O Japão cultiva uma grande
quantidade deles e fabrica seda.
O bicho adormece cinco vezes o
cinco reanima-se.
Os japoneses chamam o primeiro
sono: “sono do leão”, o segundo: “som no do abutre”, o terceiro: “sono do batel”,
o quarto: “sono do poço”, e o quinto: “sono do tronco”.
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