Pescoço
de burro
Conta-se que Emílio de Menezes, achando-se um dia entediado com a vida da
capital do Rio de Janeiro, abalou-se para um arraial do interior.
No Carmo alugou uma besta de passeio, a
qual tinha um pescoço de agigantadas dimensões. Quando ia passando montado no
seu animal em frente da farmácia do local, ouviu o farmacêutico dizer aos
amigos.
— Que espécie de animal será aquele?
Um dos circunstantes, que não conhecia
o Emílio, querendo divertir-se-á sua custa, dirigiu-se a ele e perguntou:
— Ó moço, você vende meio metro de pescoço
de burro?
O Emílio parou, olhou, desceu
vagarosamente do animal e, erguendo-lhe a cauda, respondeu:
— Tenha a bondade de entrar para o
estabelecimento. Não tenho por costume vender a fazenda na rua.
---
Revista D. Quixote, 29 de abril de 1925.
Pesquisa e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...