Feijoada
Emílio de Menezes, de saudosa memória,
era um gastrônomo, embora não fosse um glutão.
Ele gostava de pratos finos e de bons
vinhos, mas os guisados nacionais, substanciais, não lhe eram indiferentes,
apesar da sua saúde não lhe permitir saboreá-los com frequência.
Um dia um pretensioso e tolo, que
frequentava a roda do Emílio, encontrou-o de imprevisto em um restaurante do
largo do Rocio, a almoçar uma grossa feijoada, com topadas de presunto e
linguiça.
O sujeito parou e disse:
— Emílio, deveras você é um
intelectual! um poeta! a comer feijoada!
Emílio voltou-se para ele e disse com
naturalidade.
— Então você pensa que Deus fez as
coisas boas só para os cretinos?...
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Revista Careta, 28 de dezembro de 1918
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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