Crucifixo
Tendo de dar um presente de
aniversário a uma senhorita, o poeta Emílio de Menezes entrou numa joalheria da
Rua do Ouvidor, pertencente a um judeu, para escolher um objeto adequado. O
joalheiro lhe apresentou entre outros utensílios, todos de preço exorbitante,
um pequeno crucifixo de marfim.
— Quanto custa este Cristo? perguntou
Emílio.
— Duzentos mil réis.
— Apesar de ser de marfim, e bem
lavrado, pelo tamanho é muito caro.
— Pois não podemos deixar por menos —
respondeu o judeu.
— No entanto — retrucou o Emílio, sublinhando
as palavras — venderam o original muito mais barato.
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Revista Careta, 10 de maio de 1913
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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