Chico Redondo
Estava Emílio de Menezes parado na Rua do Ouvidor — esquerda da Quitanda — assistindo ao formigar da turbamulta, na pompa tumultuosa e variada de sedas e perfumes, quando passaram por ele duas mocinhas elegantes, cheias de mimos e bem curiosas:
— Aquele é que é o Chico Redondo?
O grande poeta ouviu a indiscreta
pergunta. Franziu as sobrancelhas numa nítida demonstração de desagrado.
Dirigiu-se subitamente e numa atitude como que agressiva para onde se achavam
as meninas. Estas arregalaram os olhos alvoroçadas de medo... Então Emílio
recompôs a fisionomia transtornada e, numa representação de exímio ator, recitou
num magnífico improviso:
À pergunta lhes respondo:
E insultá-las não vou!
Talvez que eu seja redondo.
Porém Chico é que no sou!
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Diário da Manhã, 20 de agosto de 1931, por José Paulino.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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