Assinante
Foi nos tempos de miséria de José de Patrocínio e Emílio de Menezes.
Os dois grandes vultos da literatura
nacional, tentando a vida como tantos outros, tinham fundado um jornaleco, um
jornal de combate, que contava apenas com um assinante e com dois anúncios
avulsos e muitos variáveis.
Um dia, da janela do quarto, os
dois “jornalistas” estavam a olhar a rua quando, inesperadamente, passou diante
deles um carro fúnebre sobre o qual ia um caixão. Patrocínio olhou Emílio bem
nos olhos. E depois, como traduzindo o pensamento de ambos, um deles falou:
— Permita Deus que aquele no seja o nosso assinante...
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Revista Shimmy, 23 agosto de 1928.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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