À milanesa
Em uma cervejaria de São Paulo,
cujo soalho, como era de praxe nós estabelecimentos do gênero, achava-se coberto de
serragem, bebiam Emílio de Menezes e alguns amigos, quando um conhecido
engenheiro, falando de arte, começou a louvar Florença, e a influência dos
florentinos na Renascença. No auge, porém, do entusiasmo, pôs-se de pé, afastou
a cadeira, e, ao tentar sentar-se de novo, projetou-se de costas no chão.
Levantou-se sujo de serragem e quis insistir.
— Sim, é aos florentinos que
devemos todo esse patrimônio artístico...
— Homem, — interveio Emílio de
Menezes, — deixa os florentinos...
E limpando-lhe a serragem:
— Tu agora estás “à milanesa”...
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Careta, nº 1822, ano XXXV, 29 de
maio de 1943.
Pesquisa e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
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