A Cruz da Estrada
(1929)
Caminheiro
que a bonança
Em
sonhos de ouro seduz,
Vela
o sorrir da esperança
Quando
o olhar de longo alcança
O
vulto negro da cruz.
Junto
a via bifurcada
Plantou
a piedosa mão
Para
chamar na jornada
Dos
que passam pela estrada
A
distraída atenção.
E
o viajante aparece,
Para,
desmonta e afinal
Pelo
morto ergue uma prece,
Nunca
o viu, não no conhece
Tanto
a morte é fraternal!
Depois
um seixo procura
E
aos pés da cruz vai deixar,
Para
que zumbe segura
Do
vento que vezes dura,
Da
chuva que o céu mandar.
E
sobre o lúgubre outeiro,
Que
as pedras formando vão,
Descansa
o velho madeiro
Como
fantasma agoureiro
Deste
remoto sertão.
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