A PARÓDIA
Vingança
(Paródia ao soneto “Sete anos de pastor”, de
Camões)
Sete anos de
caixeiro o José tinha
Num armazém de secos
e molhados;
Detestava o
patrão, mas lhe convinha
Ter a casa, a
comida e os ordenados.
Ativo no armazém
ele ia e vinha,
Querendo seus
serviços apreciados,
Mas o patrão,
parece, por picuinha,
Outros ia fazendo
interessados.
Vendo o triste
rapaz que de caixeiro
Não passava a
função mais definida,
Após esforços
tantos ao balcão,
Pôs-se a entrar na
gaveta do vendeiro
Dizendo: "Que
tristeza que esta vida
Não dê para os cem
anos de perdão!"
AUTOR ANÔNIMO
Revista “Careta”,
1943.
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O ORIGINAL
Sete anos de pastor...
Sete anos de
pastor Jacó servia
Labão, pai de
Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao
pai, servia a ela,
E a ela só por
prêmio pretendia.
Os dias, na
esperança de um só dia,
Passava,
contentando-se com vê-la;
Porém o pai,
usando de cautela,
Em lugar de Raquel
lhe dava Lia.
Vendo o triste
pastor que com enganos
Lhe fora assim
negada a sua pastora,
Como se a não
tivera merecida,
Começa de servir
outros sete anos,
Dizendo: – Mais
servira, se não fora
Pera tão longo
amor tão curta a vida!
LUÍS DE CAMÕES
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