A
PARÓDIA
Paciência
(Paródia
ao soneto “Sete anos de pastor”, de Camões)
Sete anos,
empregado, o Ezequiel
Serviu ao pai do
"resplendor" que amava.
E nesse afã, de
dia trabalhava,
Deixando a noite
para ver Raquel...
Assim mesmo
enganado foi um dia,
Pelo futuro
sogro, intermediário,
Que em lugar de
Raquel lhe deu a Lia,
Passando assim
um conto do vigário.
Ainda outros
sete anos o serviu
Para obter o
"ideal" tão almejado,
Trabalhando por
isso sem enfado.
Mas desta vez a
sorte lhe sorriu,
Ao forte e
prazenteiro Ezequiel,
Pois, se
encontrou ao lado de Raquel...
JOSÉ GARCIA JUNIOR
Revista “O Malho”,
1926.
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O ORIGINAL
Sete anos de pastor...
Sete anos de
pastor Jacó servia
Labão, pai de
Raquel, serrana bela;
Mas não servia
ao pai, servia a ela,
E a ela só por
prêmio pretendia.
Os dias, na
esperança de um só dia,
Passava,
contentando-se com vê-la;
Porém o pai,
usando de cautela,
Em lugar de
Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste
pastor que com enganos
Lhe fora assim
negada a sua pastora,
Como se a não
tivera merecida,
Começa de servir
outros sete anos,
Dizendo: – Mais
servira, se não fora
Pera tão longo
amor tão curta a vida!
LUÍS DE CAMÕES
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