A PARÓDIA
Os Deputados
(Paródia ao soneto "As Pombas", de Raimundo Correia)
Vai-se o primeiro sem
ter feito nada,
Vai-se outro mais... mais
outro, enfim dezenas
De deputados vão-se
embora apenas
Raia da mamadeira a
temporada...
Já no fim do ano à
casa abandonada,
Sonhando noites, no
Recreio, amenas,
A cofiar os bigodes e
as melenas,
Voltam todos em bela
patuscada!
Também das arcas do tesouro
escoam
As notas uma a uma; vão-se
e voam
Qual voam deputados federais...
Do bolsinho do povo
elas se soltam,
Voam: porém os
deputados voltam,
E ao nosso bolso elas
não voltam mais.
PEDRO GOYANAZ (Revista
"Olho da Rua, 1908)
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O ORIGINAL:
As Pombas
Vai-se a primeira
pomba despertada...
Vai-se outra mais...
mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos
pombais, apenas
Raia sanguínea e
fresca a madrugada.
E à tarde, quando a
rígida nortada
Sopra, aos pombais,
de novo elas, serenas,
Ruflando as asas,
sacudindo as penas,
Voltam todas em bando
e em revoada...
Também dos corações
onde abotoam
Os sonhos, um a um,
céleres voam,
Como voam as pombas
dos pombais;
No azul da
adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos
pombais as pombas voltam,
E eles aos corações
não voltam mais.
RAIMUNDO CORREIA
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